Por Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - O senador republicano Mitt Romney emitiu uma crítica contundente a Donald Trump nesta quarta-feira ao romper com seu partido e votar pela condenação do presidente dos Estados Unidos por abuso de poder em julgamento de impeachment.
Romney foi o único parlamentar a romper com o Partido Republicano na votação no Senado que absolveu Trump das acusações de impeachment decorrentes de seus esforços para pressionar a Ucrânia a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, que busca a indicação democrata para enfrentar Trump nas eleições de 3 de novembro.
"Corromper uma eleição para manter-se no cargo é talvez a violação mais abusiva e destrutiva do juramento de cargo que eu possa imaginar", disse Romney em um discurso emocionado no Senado.
Romney votou "culpado" na primeira acusação de impeachment, abuso de poder, junto com os 45 democratas do Senado e dois independentes. Ele votou "inocente" na segunda acusação, de obstrução do Congresso.
Ele é o primeiro senador na história dos EUA a votar para condenar um membro de seu próprio partido em julgamento de impeachment. O presidente Bill Clinton foi submetido a impeachment em 1999 e Andrew Johnson em 1868.
Romney foi o candidato presidencial republicano em 2012 e eleito para representar Utah no Senado em 2018.
O filho de Trump, Donald Trump Jr., disse que Romney deveria ser expulso do Partido Republicano. "Ele foi fraco demais para derrotar os democratas antes e se juntou a eles agora", escreveu no Twitter.
Ex-governador de Massachusetts, Romney venceu a eleição para o Senado em 2018 de maneira confortável, com 63% dos votos. Para a reeleição em 2024, ele pode ter que encarar uma disputa republicana em Utah.
"Ele entende as consequências e tomou a decisão que considerava certa", disse Ryan Williams, que trabalhou na candidatura presidencial de Romney em 2012.
No início de seu discurso no plenário, Romney fez uma pausa quando ele pareceu segurar as lágrimas ao dizer que, como mórmon, "sou profundamente religioso. Minha fé está no coração de quem eu sou".
Romney, 72 anos, serviu como missionário na França quando jovem e serviu como líder da igreja quando morava em Boston. Ele geralmente minimiza sua fé em sua carreira política.
"O presidente é culpado de um abuso terrível da confiança pública", afirmou Romney.
Não foi a primeira vez que Romney e Trump entraram em conflito.
Em um tuíte no ano passado, o presidente chamou Romney de "arrogante metido" depois de criticar Trump por insistir com a Ucrânia que investigasse Biden.
Romney criticou Trump como uma "fraude" durante a campanha presidencial de 2016, mas se reuniu com ele após sua vitória, quando o eleito procurava preencher os principais cargos da administração. Trump acabou não escolhendo Romney para qualquer cargo.