Por Guy Faulconbridge
LONDRES (Reuters) - Um dos aliados mais próximos do presidente russo, Vladimir Putin, alertou a Otan, nesta quinta-feira, que, se a Suécia e a Finlândia aderirem à aliança militar liderada pelos Estados Unidos, a Rússia implantará armas nucleares e mísseis hipersônicos em um enclave no coração da Europa.
A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 km com a Rússia, e a Suécia estão considerando ingressar na Otan. A Finlândia decidirá nas próximas semanas, disse a primeira-ministra Sanna Marin na quarta-feira.
Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, disse que se Suécia e Finlândia aderirem à Otan, a Rússia terá que impulsionar suas forças terrestres, navais e aéreas no Mar Báltico.
Medvedev também levantou explicitamente a ameaça nuclear ao dizer que não se pode mais falar de um Báltico "livre de armas nucleares" -- onde a Rússia tem seu enclave de Kaliningrado entre a Polônia e a Lituânia.
"Não se pode mais falar de nenhum status livre de armas nucleares para o Báltico -- o equilíbrio precisa ser restaurado", disse Medvedev, que foi presidente russo de 2008 a 2012.
Medvedev afirmou esperar que a Finlândia e a Suécia tenham bom senso. Caso contrário, disse ele, teriam que conviver com armas nucleares e mísseis hipersônicos perto de casa.
A Rússia tem o maior arsenal de ogivas nucleares do mundo e, junto com a China e os Estados Unidos, é um dos líderes globais em tecnologia de mísseis hipersônicos.
A Lituânia disse que as ameaças da Rússia não são novidade e que Moscou implantou armas nucleares em Kaliningrado muito antes da guerra na Ucrânia. A Otan não respondeu imediatamente ao alerta da Rússia.
Ainda assim, a possível adesão da Finlândia e da Suécia à Otan --fundada em 1949 para fornecer segurança ocidental contra a União Soviética-- seria uma das maiores consequências estratégicas da guerra na Ucrânia.
A Finlândia conquistou a independência da Rússia em 1917 e travou duas guerras contra ela durante a Segunda Guerra Mundial, durante a qual perdeu algum território. Nesta quinta-feira, a Finlândia anunciou um exercício militar na Finlândia Ocidental com a participação de Reino Unido, Estados Unidos, Letônia e Estônia.
A Suécia não luta uma guerra há 200 anos. A política externa tem se concentrado no apoio à democracia e ao desarmamento nuclear.