Por Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - A Rússia agirá para combater a instalação planejada de mísseis de longo alcance dos Estados Unidos na Alemanha, disse o Kremlin na quinta-feira, ao considerar as ações da aliança militar da Otan como uma séria ameaça à segurança nacional da Rússia.
Os Estados Unidos e a Alemanha anunciaram em uma cúpula da Otan em Washington na quarta-feira que começariam a implantar capacidades de fogo de longo alcance na Alemanha em 2026 para demonstrar seu compromisso com a Otan e a defesa europeia em um momento em que a Rússia está travando uma guerra na Ucrânia.
Eles disseram que as "implantações episódicas" são uma preparação para um posicionamento de longo prazo que incluiria SM-6, mísseis de cruzeiro Tomahawk e armas hipersônicas com um alcance maior do que as capacidades atuais na Europa.
A Otan também afirmou na quarta-feira que uma nova base de defesa aérea dos EUA no norte da Polônia, projetada para detectar e interceptar ataques de mísseis balísticos como parte de um escudo antimísseis mais amplo da Otan, estava pronta para missão.
Perguntado em uma entrevista a agências de notícias russas sobre o resultado da cúpula da Otan, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse: "A aliança do Atlântico Norte mais uma vez confirmou claramente sua essência. É uma aliança criada em uma era de confronto com o objetivo de manter o confronto".
"Como resultado, as tensões no continente europeu estão aumentando", acrescentou ele, dizendo que o Kremlin estava observando a aproximação da infraestrutura militar da Otan.
"Vemos as decisões tomadas na Otan para criar centros logísticos separados em cidades do Mar Negro, a abertura de instalações adicionais na Europa e vemos que, na verdade, a infraestrutura militar da Otan está se movendo constante e progressivamente em direção às nossas fronteiras", disse Peskov.
"Isso nos obriga a analisar profundamente as decisões tomadas na discussão que ocorreu. Essa é uma ameaça muito séria à segurança nacional de nosso país. Tudo isso exigirá que tomemos respostas ponderadas, coordenadas e eficazes para deter a Otan, para neutralizar a Otan."
Desde que o presidente Vladimir Putin enviou dezenas de milhares de soldados para a Ucrânia em fevereiro de 2022, Peskov descreveu o que Moscou chama de "operação militar especial" no país como uma ação que visa garantir a própria segurança da Rússia contra o Ocidente e uma liderança política ucraniana hostil e pró-ocidental.
Kiev e o Ocidente rejeitam a caracterização do conflito feita pela Rússia, dizendo que Moscou está travando uma guerra agressiva de conquista no estilo colonial na Ucrânia, que conquistou a independência quando a União Soviética, dominada pela Rússia, se desfez em 1991.
RÚSSIA PLANEJA "RESPOSTA MILITAR"
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse que Moscou havia previsto o movimento de mísseis entre os EUA e a Alemanha, que ele retratou como sendo projetado para intimidar a Rússia e que desestabilizou ainda mais a segurança regional e as relações estratégicas.
"O trabalho necessário na preparação de contramedidas de equilíbrio pelas agências estatais russas relevantes foi iniciado com bastante antecedência e está sendo realizado de forma sistemática", disse Ryabkov em um comunicado no site de seu ministério.
"Sem nervosismo, sem emoções, desenvolveremos uma resposta militar, antes de tudo, a esse novo jogo", afirmou Ryabkov, segundo a agência de notícias Interfax.