MOSCOU (Reuters) - Dmitry Gudkov, um proeminente político da oposição e ex-parlamentar, foi detido por policiais russos nesta terça-feira, informou a agência de notícias TASS, como parte de uma repressão aos críticos do Kremlin.
Enquanto parlamentar na câmara baixa do Parlamento, Gudkov foi expulso do partido Apenas Rússia em 2013 por ajudar a organizar protestos contra o Kremlin. Mais tarde, ele se juntou à oposição liberal da Rússia e se opôs ao presidente Vladimir Putin.
Em um comunicado na mídia social nesta terça-feira, Gudkov, de 41 anos, disse que a polícia estava revistando uma casa em que ele estava hospedado e que também tinha como alvo antigos e atuais membros de sua equipe.
A TASS, citando fontes não identificadas, relatou que Gudkov foi detido por 48 horas sob suspeita de que ele não pagou dívidas sob um contrato de um edifício não residencial entre 2015 e 2017. Gudkov pode permanecer preso por até cinco anos se for acusado e considerado culpado por um tribunal, segundo a TASS.
A detenção é a mais recente em uma ampla repressão contra oponentes do Kremlin antes de eleição parlamentar em setembro. O político da oposição Alexei Navalny é o crítico do Kremlin mais graduado que está preso.
Gudkov sugeriu na plataforma de mídia social Telegram, no início do dia, que o motivo pelo qual as autoridades o procuraram era político. “Não sei a razão formal para isso”, escreveu Gudkov. "Mas a (razão) real é clara."
Separadamente, as autoridades russas fizeram uma operação no apartamento do ativista de oposição Andrei Pivovarov nesta terça-feira, um dia depois de ele ser retirado de um avião e posto sob custódia.
A polícia retirou Pivovarov, diretor do grupo opositor hoje extinto Rússia Aberta, ligado ao ex-magnata do petróleo e crítico do Kremlin exilado Mikhail Khodorkovsky, de um voo que estava prestes a partir do aeroporto Pulkovo, de São Petersburgo, rumo a Varsóvia, na noite de segunda-feira.
Sua equipe disse que a polícia o interrogou, fez uma busca em seu apartamento e iniciou um processo criminal contra ele nesta terça-feira por supostamente violar a legislação russa sobre "organizações indesejáveis".
"Estas situações nos mostram que eles têm medo de nós, e somos a maioria", disse a conta de Twitter de Pivovarov.
O Comitê Investigativo de Krasnodar, uma região do sul russo, disse em um comunicado que iniciou um processo em reação a uma postagem de agosto de 2020 que pediu ao público que apoiasse o Rússia Aberta, segundo a agência de notícias Interfax.
O comitê não deu detalhes da postagem, nem mencionou Pivovarov, mas informou as mesmas acusações citadas por sua equipe.
A Rússia declarou o Rússia Aberta, que tem sede em Londres, um grupo "indesejável" em 2017, na prática proibindo suas atividades. Seus aliados na Rússia mantiveram o ativismo por meio de uma entidade legal separada para tentar se proteger de processos.
(Por Gabrielle Tétrault-Farber, Maxim Rodionov e Polina Devitt em Moscou e Pawel Florkiewicz e Alan Charlish em Varsóvia)