MOSCOU (Reuters) - A Rússia disse na quarta-feira que quer que a Agência Internacional de Energia Atômica adote uma postura "mais objetiva e mais clara" em relação à segurança nuclear, um dia depois que o chefe da agência visitou uma usina nuclear russa perto de onde a Ucrânia fez uma incursão no país.
Separadamente, a Rússia afirmou que suas forças haviam desativado munições não detonadas fornecidas pelos Estados Unidos e disparadas pela Ucrânia, que foram abatidas a apenas 5 km da usina nuclear de Kursk.
O chefe da AIEA, Rafael Grossi, visitou as instalações de Kursk na terça-feira e alertou sobre o perigo de um grave acidente nuclear no local. Ele disse que havia inspecionado os danos causados por um ataque de drone na semana passada, que a Rússia atribuiu à Ucrânia, mas não disse quem era o responsável.
De acordo com a agência de notícias estatal russa RIA, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Maria Zakharova afirmou em uma entrevista de rádio que Moscou deseja que a AIEA se manifeste mais claramente sobre questões de segurança nuclear, embora tenha negado que estivesse exigindo que a agência adotasse uma linha pró-Rússia.
"Vemos tanto as avaliações quanto o trabalho dessa estrutura (a AIEA), mas sempre queremos uma expressão mais objetiva e clara da posição dessa estrutura", disse Zakharova.
"Não a favor de nosso país, não a favor da confirmação da posição de Moscou, mas a favor de fatos com um objetivo específico: garantir a segurança e impedir o desenvolvimento de um cenário ao longo de um caminho catastrófico, para o qual o regime de Kiev está empurrando todos."
Não foi possível entrar imediatamente em contato com a AIEA para comentar o assunto.
As palavras de Zakharova foram um indicativo da crescente pressão de Moscou sobre a AIEA, que, durante os 30 meses de guerra, pediu a ambos os lados que se abstivessem de lutar em torno das usinas nucleares para evitar um incidente catastrófico.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres que, embora a AIEA não tenha mandato para atribuir culpa, não há dúvidas sobre "a culpa do lado ucraniano na escalada do perigo nuclear".
A Ucrânia não respondeu às acusações russas de que teria atacado a usina perto de onde suas forças lançaram uma incursão surpresa em 6 de agosto, que a Rússia ainda está tentando repelir. Houve combates a cerca de 40 km da instalação.
(Reportagem da Reuters)