ISTAMBUL/NIZHNY TAGIL, Rússia (Reuters) - A Rússia enviou um sistema avançado de mísseis para a Síria nesta quarta-feira para proteger seus caças operando na região, e garantiu que sua Força Aérea continuará a realizar missões perto do espaço aéreo turco, adotando um tom desafiador depois que a Turquia derrubou um caça russo.
A derrubada do avião na terça-feira foi um dos atritos mais sérios entre um país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Rússia a ser publicamente reconhecido em meio século, e complicou mais os esforços internacionais para combater militantes do Estado Islâmico na Síria.
Autoridades da Rússia expressaram fúria com as ações da Turquia e falaram em medidas retaliatórias que provavelmente incluiriam limitar as viagens de turistas russos a balneários turcos e algumas restrições comerciais.
Mas a reação russa também foi cuidadosamente calibrada. Não houve sinal de que Moscou quer uma escalada militar, nem pôr em risco seu principal objetivo na região: angariar apoio global para sua visão de como o conflito sírio deve ser resolvido.
O ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, conversou por telefone com seu colega russo, Sergei Lavrov, nesta quarta-feira. A chancelaria turca informou que os dois irão se reunir em breve, mas a agência de notícias russa Interfax relatou que Lavrov não concordou com o encontro.
"Não temos intenção de guerrear com a Turquia", afirmou Lavrov. O presidente turco, Tayyip Erdogan, também disse que Ancara não pretende intensificar as tensões com Moscou.
Falando durante uma viagem à cidade de Nizhny Tagil, nas montanhas dos Urais, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o despacho de um sistema avançado de mísseis para a base aérea russa de Khmeimim, na província síria de Latakia.
"Espero que isto, assim como outras medidas que estamos tomando, seja suficiente para garantir (a segurança) de nossos voos", disse Putin a repórteres.
O envio das armas, que autoridades mais tarde disseram ser o sistema de mísseis S-400, provavelmente será visto como um alerta contundente para que a Turquia não tente mais abater nenhum avião russo.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou que a Rússia é obrigada a realizar missões de voo perto da divisa turca porque é onde os militantes tendem a se localizar. "As operações (russas) irão continuar, sem dúvida", disse.
O caça Su-24 abatido na terça-feira foi atingido por mísseis disparados por aeronaves turcas enquanto voava sobre a Síria próximo da fronteira turca, onde a Força Aérea russa vem bombardeando alvos dos rebeldes.
(Reportagem de Maria Tsvetkova)