PARIS (Reuters) - O ex-presidente francês Nicholas Sarkozy disse nesta segunda-feira que mudará a Constituição do país para proibir o traje de banho de corpo inteiro conhecido como burquíni se for eleito na eleição presidencial de abril do ano que vem.
Posicionando-se como um defensor dos valores da França e rígido com a imigração, o candidato conservador disse na semana passada que imporia uma proibição de âmbito nacional ao burquíni, depois que a vestimenta dividiu o governo liderado pelos socialistas e dominou o debate político francês durante a maior parte do mês de agosto.
Na sexta-feira o principal tribunal administrativo da França suspendeu uma proibição ao burquíni que havia sido adotada em uma dezena de cidades costeiras sob o argumento de que o traje viola liberdades fundamentais.
A proibição ao uso do burquíni expôs as dificuldades da França secular com a tolerância religiosa na esteira dos ataques de militantes islâmicos nos últimos meses. Imagens de policiais armados aparentemente obrigando uma mulher em uma praia de Nice a se despir parcialmente para cumprir a determinação aumentaram a polêmica.
As proibições vinham sendo justificadas como questões de ordem pública, e o primeiro-ministro socialista, Manuel Valls, pareceu defender as autoridades municipais que as impuseram.
Depois que a corte as descartou, porém, o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, disse que uma lei contra a vestimenta seria considerada inconstitucional.
Indagado sobre esse risco, Sarkozy respondeu: "Bem, então mudamos a constituição. Nós já a mudamos trinta e tantas vezes, não tem problema".
Segundo pesquisas de intenção de voto, Sarkozy está tendo dificuldade para se aproximar do rival Alain Juppé, um ex-premiê de modos suaves e mais centrista, antes das eleições primárias do partido Republicanos no final de novembro.
Cazeneuve, que iria se encontrar com líderes muçulmanos franceses nesta segunda-feira para apaziguar as tensões religiosas, disse que irá indicar o político veterano Jean-Pierre Chevènement para presidir um organismo independente encarregado de tratar das relações entre o Estado e os representantes religiosos muçulmanos.
(Por Leigh Thomas e Myriam Rivet)