BRASÍLIA (Reuters) - Governadores de Estados do Nordeste protestaram, em carta divulgada nesta quarta-feira, contra declarações do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que na véspera afirmou que a atuação de governantes pela aprovação da reforma da Previdência seria levada em conta para a liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal.
Segundo o gabinete do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), o documento foi assinado por 7 dos 9 governadores da região – com exceção dos representantes de Sergipe e Rio Grande do Norte, que não se manifestaram sobre a carta.
“Os governadores do Nordeste vem manifestar profunda estranheza com declarações atribuídas ao senhor Carlos Marun, ministro de articulação política. Segundo ele, a prática de atos jurídicos por parte da União seria condicionada a posições políticas dos governadores”, diz o documento.
Na terça-feira, ao negar se tratar de uma chantagem, Marun argumentou que a liberação de recursos por meio de instituições públicas como a Caixa constituem uma “ação de governo” e que por isso é esperada alguma “reciprocidade”.
“Protestamos publicamente contra essa declaração e contra essa possibilidade, e não hesitaremos em promover a responsabilidade política e jurídica dos agentes públicos envolvidos, caso a ameaça se confirme”, continua a carta.
Os governadores afirmam ainda que a adoção de “atos arbitrários para extrair alinhamentos políticos” só é comparada a práticas de regimes ditatoriais e dizem esperar que o presidente Michel Temer “reoriente seus auxiliares”.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)