Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu nesta sexta-feira uma investigação independente para estabelecer os fatos e responsáveis pelos ataques a dois navios-tanques, ocorridos nesta semana no Golfo de Omã.
Os Estados Unidos culparam o Irã pelos ataques na quinta-feira, acusação rechaçada por Teerã. Em meio às crescentes tensões, Guterres afirmou estar disponível para mediação se as partes concordarem, mas acrescentou que "no presente momento, não vemos um mecanismo possível de diálogo".
Ambos os governos, dos EUA e da República Islâmica, declararam que não têm interesse em iniciar uma guerra, mas isso não foi suficiente para acalmar as preocupações de que os dois rivais possam entrar em conflito. Guterres disse que o mundo não pode permitir um confronto de grandes proporções no Golfo.
"É muito importante conhecer a verdade, e é muito importante que as responsabilidades sejam esclarecidas. Obviamente, isso só pode ser feito se houver uma entidade independente verificando esses fatos", disse ele a repórteres, acrescentando que acredita que apenas o Conselho de Segurança poderia solicitar uma investigação pela ONU.
A chefe de Assuntos Políticos da ONU, Rosemary DiCarlo, encontrou-se nesta sexta-feira com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, durante reunião do Conselho de Cooperação de Xangai no Quirguistão, segundo o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, que afirmou ainda que Guterres e sua equipe estão em contato com muitos dos países envolvidos para alertá-los da necessidade de evitar qualquer escalada de conflitos.
Guterres, que condenou os ataques aos navios petroleiros, realizou as declarações nesta sexta-feira ao lado do secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, depois de reunião entre eles.
Gheit disse aos repórteres que não acredita que um país árabe estivesse "tentando obstruir rotas navais ou atirar no próprio pé ao atacar da maneira como vimos no Golfo de Omã ou no Estreito de Hormuz".
"Meu pedido aos nossos irmãos iranianos: sejam cuidadosos e revertam a situação, pois vocês estão levando todos em direção a um conflito dentro do qual ninguém estará seguro se ocorrer", disse ele aos jornalistas.
(Reportagem de Michelle Nichols)