Por Ben Blanchard e Michael Martina
PEQUIM (Reuters) - Turistas encheram a Praça da Paz Celestial, em Pequim, nesta terça-feira em meio a um esquema de segurança reforçado, mas a maioria dos visitantes abordados pela Reuters disse não estar ciente da repressão sangrenta a protestos liderados por estudantes ocorrida há 30 anos ou não quis falar a respeito.
O aniversário da repressão na Praça da Paz Celestial, cujo nome é Praça Tiananmen, quando Pequim enviou tropas e tanques para conter ativistas pró-democracia, não é comentado abertamente na China e não será lembrado formalmente pelo governo, que intensificou a censura.
Um homem de 67 anos de sobrenome Li, sentado em um banco a cerca de 10 minutos de caminhada da praça nesta terça-feira, disse se lembrar dos acontecimentos de 4 de junho de 1989 e dos pós-eventos claramente.
"Estava voltando do trabalho para casa. A avenida Changan estava cheia de veículos incinerados. O Exército Popular de Libertação matou muitas pessoas. Foi um banho de sangue", contou.
Indagado se acredita que o governo deveria prestar contas da violência, ele respondeu: "Para quê? Aqueles estudantes morreram à toa".
Entre as exigências dos estudantes de 1989 estavam uma imprensa livre e liberdade de expressão, a divulgação dos bens dos líderes e a liberdade de manifestação. Mas ex-líderes de protestos exilados dizem que estes objetivos estão mais distantes do nunca na China porque na última década o governo sufocou uma sociedade civil alimentada por anos de desenvolvimento econômico.
A Praça da Paz Celestial também continua sendo motivo de discórdia entre a China e muitos países ocidentais, que imploraram para que os líderes chineses prestem contas por darem ordens para que o Exército Popular de Libertação abrisse fogo contra seu próprio povo.
O Ministério das Relações Exteriores chinês repudiou raivosamente as críticas do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que pediu a Pequim que liberte todos os prisioneiros detidos e saudou os "heróis do povo chinês que se posicionaram corajosamente 30 anos atrás na Praça da Paz Celestial para exigir seus direitos".
O porta-voz do ministério, Geng Shuang, disse em um coletiva de imprensa diária em Pequim que Pompeo "atacou maldosamente o sistema político da China".
A segurança estava reforçada dentro e nos arredores da praça, e não se via sinal de protestos ou homenagens.
Um turista de cerca de 30 anos de sobrenome Zhang que estava próximo da praça disse não ter ideia do aniversário.
"Nunca ouvi falar", disse. "Não estou ciente disso".
(Reportagem adicional de Cate Cadell em Pequim Yimou Lee em Taipei e David Lawder em Washington)