Por Jacob Gronholt-Pedersen e Tom Little
COPENHAGUE (Reuters) - A renomada autora canadense Margaret Atwood, atualmente escrevendo seu livro de memórias, disse em uma entrevista que está velha demais para se preocupar com o surgimento da inteligência artificial e afirmou que ainda se "diverte" escrevendo.
Atwood, 84 anos, estreou como poeta em 1961 e publicou seu primeiro romance, "A Mulher Comestível", em 1969. Desde então, ela escreveu mais de 60 livros, incluindo romances, contos e livros infantis.
"Não sou uma escritora que vive em um estado de miséria e acha terrivelmente difícil escrever. Você provavelmente pode adivinhar isso pelo número de livros que realmente escrevi", disse Atwood. "Estou me divertindo muito."
Atwood conversou com a Reuters na semana passada, enquanto estava na Dinamarca para receber o Prêmio de Literatura Hans Christian Andersen, em homenagem ao famoso escritor de contos de fadas do Século 19.
Ela estava tranquila em relação ao impacto que a IA poderia ter em sua carreira, fazendo um contraste com pessoas criativas mais jovens.
"A IA está preocupando muitas pessoas... Sou muito velha para me preocupar com isso. Mas se eu tivesse 30 anos, estaria preocupada", disse. "Se eu fosse uma designer gráfica, estaria preocupada."
No ano passado, ela revisou poemas e literatura escritos por IA em seu nome.
"Até agora, a IA é uma porcaria de poeta. Muito ruim", disse. "E também não é uma escritora de ficção muito boa."
O romance distópico de Atwood, "O Conto da Aia", publicado pela primeira vez em 1985 sobre uma ditadura teocrática nos Estados Unidos, teve um aumento nas vendas após a eleição do republicano Donald Trump para a Casa Branca em 2016.
Em 2019, ela publicou uma sequência, "Os Testamentos", que foi o vencedor conjunto do Booker Prize daquele ano.
Na entrevista, Atwood também renovou suas críticas anteriores a Trump, em meio à atual disputa acirrada pela Presidência dos Estados Unidos, dizendo que está muito preocupada com o que considera as tendências autocráticas do republicano.
Seu mais recente livro, "Old Babes in the Wood", publicado em 2021, aborda temas de família, casamento, luto e perda, escrito dois anos após a morte de seu marido, o escritor Graeme Gibson.
Olhando para o futuro, Atwood diz: "Adoro que as pessoas me perguntem sobre o futuro. O que você tem em mente? Os próximos dois anos, os próximos cinco anos, os próximos dez anos? Nós não sabemos. Bem, estou escrevendo um grande livro de memórias agora, e só estou colocando coisas estúpidas e catástrofes porque todo o resto é chato."