BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina está prestes a legalizar o aborto nesta terça-feira, apesar das objeções de sua influente Igreja Católica, já que o Senado se prepara para votar uma medida que tem apoio do partido governista e já foi aprovada na câmara baixa.
Se aprovado, o projeto de lei fará da Argentina o primeiro grande país da América Latina predominantemente católico a permitir o aborto voluntário. A votação deve ser acirrada depois do que provavelmente será uma maratona de debates a partir das 16h (horário local).
"Há décadas estamos esperando por este momento", disseram mais de 1.500 personalidades argentinas destacadas em uma carta aberta aos senadores.
"Este é um momento para se fazer história. O mundo está observando."
Do outro lado da contenda está a Igreja Católica, que pede aos senadores que rejeitem a proposta que permitiria às mulheres encerrarem a gravidez até a 14ª semana --a Argentina é a terra natal do papa Francisco.
Hoje, a lei permite abortos somente quando existe um risco grave para a saúde da mãe ou em caso de estupro.
Grupos feministas e outros defensores do projeto de lei pediram às pessoas que se manifestem em capitais provinciais de todo o país nesta terça-feira enquanto a medida é debatida no Senado. Manifestações de pessoas contrárias ao projeto de lei também são esperadas.
O aborto legal é extremamente raro na América Latina por causa do histórico antigo de oposição da Igreja Católica. Em toda a região, os abortos voluntários só são disponíveis na Cuba comunista, no comparativamente pequeno Uruguai e em algumas partes do México.
(Por Nicolás Misculin)