WASHINGTON (Reuters) - O Senado dos Estados Unidos confirmou Gina Haspel nesta quinta-feira para o cargo de diretora da CIA, encerrando uma disputa na confirmação centrada em sua ligação ao passado da agência de espionagem, quando usava-se afogamento simulado e outras técnicas brutais de interrogatório.
Haspel, que será a primeira diretora mulher da CIA, é uma veterana de 33 anos na agência que atualmente ocupa a posição de diretora interina. O placar foi de 54 a 45 em favor de sua indicação no plenário de 100 membros, onde era preciso maioria simples para sua confirmação.
Seis democratas se juntaram aos republicanos do presidente Donald Trump para votar a favor de Haspel, e dois republicanos votaram não.
Haspel foi aprovada apesar da forte oposição em razão de sua ligação ao uso de métodos brutais de interrogatório pela CIA, incluindo afogamento simulado, amplamente considerado como tortura, nos anos após os ataques de 11 de setembro.
Uma agente disfarçada durante a maior parte de sua carreira na CIA, Haspel em 2002 trabalhou como chefe da CIA na Tailândia, onde a agência conduziu interrogatórios em uma prisão secreta usando métodos como afogamento simulado. Três anos depois, ela elaborou uma comunicação ordenando a destruição dos vídeos desses interrogatórios.
O senador republicano John McCain, que tem estado afastado de Washington durante o ano enquanto luta contra um câncer no cérebro, pediu ao Senado que não votasse por Haspel.
Tendo sido torturado enquanto era um prisioneiro de guerra no Vietnã, McCain disse que aprovar Haspel enviaria a mensagem errada e o país só deveria usar métodos para se manter seguro "da maneira correta e com os valores que aspiramos viver e promover no mundo".
Haspel também tinha forte apoio do governo Trump, muitas atuais e ex-autoridades de inteligência e uma ampla gama de parlamentares, incluindo democratas.
O senador Mark Warner, principal democrata no Comitê de Inteligência, que supervisionou a indicação, apoiou Haspel.
"Eu acredito que ela seja alguém que pode e que irá bater de frente com o presidente, que falará a verdade ao poder se esse presidente ordená-la a fazer algo ilegal ou imoral, como um retorno à tortura", disse ele durante discurso ao Senado antes da votação.
(Por Patricia Zengerle)