Por Joan Faus
ELNE, França (Reuters) - O separatista catalão exilado Carles Puigdemont anunciou nesta quinta-feira que tentará liderar a região do Nordeste da Espanha nas eleições marcadas para maio, e voltará ao país caso vença o pleito, mesmo que um mandado de prisão contra ele ainda esteja em vigor.
"Vou deixar claro que o meu objetivo é completar o processo de independência que começamos em outubro de 2017", afirmou Puigdemont em discurso na cidade francesa de Elne, localizada a cerca de 30 km da fronteira com a Espanha.
"Se houver uma maioria (parlamentar) que me proponha como líder, finalizarei meu exílio naquele dia e participarei da sessão parlamentar", afirmou.
O catalão disse estar disposto a voltar ao país mesmo que ainda não tenha sido retirado um mandado de prisão contra ele. A revogação do mandato poderia ser definida com base em uma lei de anistia para separatistas em tramitação no Parlamento.
Fundador do partido separatista linha-dura Junts, Puigdemont foi acusado por sua atuação como presidente da Catalunha durante votação em 2017 para a separação da região da Espanha, e uma subsequente declaração de independência, classificada pelas cortes como ilegal.
A tentativa de independência levou Madri a executar uma intervenção direta na região, configurando a maior crise política espanhola em décadas.
O ex-jornalista de 61 anos deixou a Espanha para evitar as acusações de desobediência e peculato, e vive atualmente na Bélgica, onde trabalha como membro do Parlamento Europeu.
As acusações contra ele podem ser retiradas com base na anistia anunciada pelo Partido Socialista, do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, em troca dos votos dos separatistas para apoiar o governo nacional de minoria.
No momento, os socialistas lideram as pesquisas para assumir a liderança da Catalunha.
(Reportagem de Joan Faus em Elne)