SANTIAGO (Reuters) - A indústria turística do Chile está sentindo o efeito dos protestos violentos que abalam a capital Santiago desde o mês passado, e as reservas dos hotéis caíram pela metade e muitas viagens foram canceladas depois que o país desistiu de sediar duas cúpulas importantes.
Tudo isso ressalta o impacto mais amplo do caos que toma conta da nação sul-americana há quase duas semanas, desde que protestos contra um aumento da tarifa do metrô saíram de controle, desencadeando tumultos, incêndios criminosos e saques que deixaram ao menos 18 mortos.
"Não conseguiremos suportar muito mais disso, as perdas são enormes", disse Ivan Marambio, gerente da cadeia de hotéis Principado de Santiago. "Todos os hotéis estão praticamente vazios", afirmou, referindo-se à área central próxima da Plaza de Italia, cenário de muitas das manifestações.
O impacto nos negócios relacionados ao turismo se disseminou.
"O turismo é uma indústria muito sensível, e vimos as reservas caírem cerca de 50% nestas últimas duas semanas", disse Monica Zalaquett, subsecretária do Turismo do Chile. "E o que é duro para a indústria é que não haverá novas reservas até a situação do país se estabilizar."
Os manifestantes dizem não ter intenção de diminuir os protestos, mas as ruas se acalmaram um pouco desde o início de um feriado prolongado na quinta-feira.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, que demitiu um terço de seu gabinete nesta semana no empenho de apaziguar os manifestantes, também descartou os planos de sediar duas reuniões globais --a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) neste mês e a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP25) em dezembro.
"Acreditamos que cerca de 40 mil a 50 mil pessoas viriam para estes dois eventos", disse Zalaquett.
(Por Herbert Villarraga e Sergio Viedma)