Por Joanna Plucinska e Dan Fastenberg
VARSÓVIA/NOVA YORK (Reuters) - Lea Evron, de 85 anos, tem apenas fragmentos de lembranças da fábrica de produtos de peles e do prédio de três andares que sua família possuía antes da Segunda Guerra Mundial em Zywiec, uma pequena cidade no sul da Polônia.
O que ela lembra claramente é o retorno após a guerra, quando a maioria de sua família foi morta no Holocausto.
Uma moradora local disse para ela e sua mãe: "Hitler prometeu se livrar de todos os judeus, e aqui eles voltam para casa", disse Evron à Reuters em seu apartamento em Nova York.
Disseram a Evron e à mãe que elas poderiam morar no prédio, mas apenas nos aposentos das empregadas. Elas se mudaram para Israel logo depois.
Evron é apenas uma de milhares de judeus cujas propriedades familiares foram confiscadas por ocupantes nazistas da Polônia e depois mantidas por governantes comunistas do pós-guerra.
Lar de uma das maiores comunidades judaicas do mundo antes da guerra, a Polônia é o único país da União Europeia que não sancionou leis sobre restituição de propriedades.
Para tornar as coisas mais difíceis, os judeus dizem que os documentos que comprovam a propriedade foram muitas vezes destruídos no Holocausto.
Com a proximidade do 75º aniversário da libertação de Auschwitz, o campo de extermínio alemão nazista, em 27 de janeiro, eles dizem que é hora de a Polônia facilitar o processo.
"Os sobreviventes do Holocausto... não deveriam sofrer agora. Eles estão morrendo sem justiça na Polônia", disse o marido de Lea, Jehuda Evron, de 88 anos.