Por Thomas Escritt
BERLIM (Reuters) - O Partido Social-Democrata alemão (SPD) aprovou nesta quinta-feira iniciar uma negociação com os conservadores liderados pela chanceler Angela Merkel sobre a formação de um governo, depois de o líder do partido fazer um apelo apaixonado por liberdade para trabalhar por um modelo de “Estados Unidos da Europa” social.
A votação abriu o caminho para um diálogo que pode resolver o impasse no qual se encontra a potência econômica europeia, depois que Merkel e o SPD perderam apoio nas eleições de setembro, complicando bastante a aritmética no Parlamento.
Martin Schulz insistiu para que os membros relutantes do SPD se mostrassem receptivos ao movimento de Merkel para renovar a coalizão que governou a Alemanha pelos últimos quatro anos, dizendo que o partido tinha a responsabilidade de reviver a social-democracia no país.
Uma nova “grande coalizão” com o reticente SPD é a maior esperança de Merkel para prolongar os seus 12 anos no poder, depois que negociações com dois partidos menores fracassaram, dando a um reduzido SPD grande influência em qualquer diálogo.
“A questão não é ter uma grande coalizão ou não ter uma grande coalizão”, afirmou Schulz num discurso no congresso do partido. “Nem ter um governo de minoria ou novas eleições. Não. É como exercitamos a nossa responsabilidade, inclusive para a próxima geração.”
Schulz disse que o partido só se recupera se puder ofercer uma visão clara de uma Alemanha e uma Europa que funcionem para os seus cidadãos, defendendo uma integração europeia mais profunda e o que chamou de “Estados Unidos da Europa” até 2025.
"A Europa nem sempre funciona para o seu povo, mas de forma frequente demais para as grandes empresas”, afirmou ele, apresentando uma visão populista que vai além da abertura da própria Merkel para reformas estruturais e racionalização burocrática.
Negociações entre os dois partidos são esperadas para começar de fato no próximo ano. Um congresso extraordinário terá que ocorrer, nos quais os membros do partido votarão o acordo final, que pode não prever uma coalizão formal, e no qual pode constar a tolerância a um governo minoritário.