Por Adrian Croft e Blanca Rodríguez
MADRI (Reuters) - O Partido Socialista da Espanha (PSOE, na sigla em espanhol) está diante de uma escolha difícil: aliar-se a um partido rival ou encaminhar novas eleições após a eleição geral inconclusiva de domingo, que mergulhou o país na incerteza política.
Nenhuma opção é atraente. Uma ligação com o partido antiausteridade Podemos poderia dividir os socialistas, e estes poderiam ser acusados de desestabilizar o país se forem culpados por forçar uma nova votação.
O Partido Popular (PP) do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, obteve mais votos no domingo, mas não a maioria, já que o esquerdista Podemos e outra sigla novata, a centrista Cidadãos, roubaram parte do apoio do PP e do PSOE, que vêm repartindo entre si o governo da Espanha durante a maior parte das quatro décadas desde o fim da ditadura de Francisco Franco.
O resultado deixa a Espanha diante de semanas de negociações duras para tentar formar um governo e abalou os mercados financeiros.
Rajoy, que tem a prerrogativa de compor um novo gabinete, tem opções limitadas. É virtualmente impossível para ele continuar no poder sem o auxílio dos socialistas, ou pelo menos sua abstenção, em uma votação parlamentar sobre um novo governo.
Em um apelo claro aos socialistas, mas sem mencioná-los, Rajoy disse na segunda-feira que irá conversar com os partidos que compartilham alguns dos objetivos e valores do PP.
"A Espanha não pode se permitir um período de incerteza política que solape o progresso que... foi conquistado nos últimos dois anos", afirmou o premiê, referindo-se à recuperação espanhola de uma recessão e uma crise financeira profundas.
Susana Diaz, uma destacada líder socialista, rejeitou o gesto nesta terça-feira, dizendo que o partido deve manter sua palavra e votar "um enfático não" a um novo governo do PP.
Permitir que o PP continue no comando poderia alienar os eleitores de esquerda que se opõem às medidas de austeridade adotadas pela sigla em reação à crise financeira.
(Reportagem adicional de Julien Toyer e Sarah White)