Por Ali Mirghani e Khalid Abdelaziz
CARTUM (Reuters) - Autoridades do Sudão disseram que impediram um golpe de Estado nesta terça-feira, acusando seguidores do presidente deposto Omar al-Bashir de uma tentativa malsucedida de descarrilar a revolução que o tirou do poder em 2019 e encaminhou uma transição para a democracia.
Os militares sudaneses disseram que 21 oficiais e vários soldados foram detidos por sua conexão com a tentativa de golpe e que uma busca por outros envolvidos continua. Todos os locais afetados estão sob controle do Exército, acrescentaram.
A tentativa de golpe destaca o caminho difícil enfrentado por um governo que reorienta o Sudão desde 2019, tendo conseguido um alívio da dívida do Ocidente e adotado medidas para normalizar os laços com Israel, ao mesmo tempo em que combate uma crise econômica grave.
Um organismo governante conhecido como Conselho Soberano comanda o Sudão por meio de um acordo frágil de partilha de poder entre os militares e os civis desde a deposição de Bashir, um islâmico rejeitado pelo Ocidente que presidiu o país durante quase três décadas. Eleições são esperadas em 2024.
"O que aconteceu foi um golpe orquestrado por facções dentro de fora das Forças Armadas, e isto é um prolongamento das tentativas de remanescentes desde a queda do antigo regime de abortar a transição democrática civil", disse o primeiro-ministro Abdalla Hamdok em um pronunciamento televisionado.
Na manhã desta terça-feira, uma testemunha disse que unidades militares leais ao conselho usaram tanques para fechar uma ponte que liga Cartum a Omdurman, do outro lado do Rio Nilo.
(Por Ali Mirghani, em Cartum; Khalid Abdelaziz e Nafisa Eltahir, no Cairo; e Nadine Awadalla, em Dubai)