GENEBRA (Reuters) - Quando Jehanne, uma lésbica de 41 anos, foi insultada diversas vezes por apoiar os direitos LGBT durante uma viagem de bonde na cidade suíça de Genebra no mês passado, ameaçou chamar a polícia.
Mas seu agressor disse que seus comentários não são um crime pela lei do país.
"Eu tremia, chorava também", contou Jehanne, que pediu que seu sobrenome fosse omitido, artista e mãe de um menino de oito anos. "Olhei ao meu redor e fiquei surpresa por ninguém olhar para mim ou intervir."
O agressor de Jehanne estava estritamente correto em sua resposta, explorando uma falha nos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) da Suíça.
A nação conservadora, ao contrário de muitos de seus vizinhos ocidentais europeus, ainda não tem leis específicas para proteger lésbicas, gays e bissexuais da discriminação.
O governo espera mudar isso. Em 2018, o Parlamento aprovou uma lei para ampliar os estatutos antirracismo de forma a contemplar a orientação sexual, e os infratores podem ser presos por até três anos.
Mas em abril passado, opositores obtiveram o mínimo de 50 mil assinaturas exigidas pelo sistema de democracia direta da Suíça para submeter o tema a uma votação a ser realizada no domingo.
"Confio que o povo suíço não se deixará censurar", disse Marc Früh, membro do pequeno partido União Federal Democrática (EDU), que lançou o referendo.
Seu partido, que tem uma base cristã e é mais forte no cantão leste de fala alemã, estampou pôsteres por todo o país mostrando uma loira com olhos saltados e duas fitas pretas tapando sua boca.
Apoiadores da lei reagiram com imagens de dois corações rosados se roçando debaixo de um guarda-chuva – um símbolo que Jehanne estava usando em um broche no dia em que foi agredida verbalmente.