Por Hyonhee Shin
SEUL (Reuters) - Manifestantes sul-coreanos marcharam até a embaixada do Japão ao lado do caixão de uma defensora das "mulheres de consolo", nesta sexta-feira, em um protesto contra o uso japonês de trabalho forçado em seus bordéis nos tempos de guerra.
Um carro funerário levou o caixão de Kim Bok-dong, que morreu na semana passada aos 93 anos, à embaixada para ressaltar o sofrimento das "mulheres de consolo", um eufemismo japonês para as mulheres obrigadas a se prostituir e abusadas sexualmente em bordéis militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.
"O Japão precisa se desculpar", bradavam alguns dos manifestantes durante a marcha. "Japão, ofereça indenizações formais".
Os ativistas levavam cartazes agradecendo Kim por sua devoção à causa e pediram ao Japão que repare suas ações. Alguns cartazes tinham a forma de borboletas, um símbolo de liberdade para mulheres sofridas.
As "mulheres de consolo" são um tema polêmico entre os dois vizinhos asiáticos, que compartilham uma história amarga por causa da colonização japonesa da península coreana entre 1910 e 1945.
Tóquio diz que as queixas foram resolvidas com acordos e pedidos de desculpa anteriores e que a disputa contínua pode ameaçar as relações bilaterais.
Kim, que morreu no hospital depois de lutar contra um câncer, foi uma das primeira vítimas que se pronunciaram, em 1992, e se tornou uma presença constante nos protestos semanais diante da embaixada do Japão.
Ela disse que tinha 14 anos quando foi enviada pela primeira vez a um bordel militar e que foi forçada a fazer sexo com soldados japoneses também na China, Hong Kong, Indonésia, Malásia e Cingapura durante oito anos.
Ela jamais se casou, dedicando sua vida ao ativismo e viajando o mundo para contar sua história.
(Reportagem adicional de Yijin Kim e Daewoung Kim, em Seul, e Tim Kelly, em Tóquio)