Por Sofia Christensen
DACAR (Reuters) - Centenas foram mortos no centro de Burkina Faso no sábado após supostos jihadistas abrirem fogo contra um grupo de pessoas que cavavam trincheiras em torno da cidade para protegê-la de ataques, disseram parentes das vítimas e uma fonte que falou com sobreviventes feridos.
O ataque nos arredores da cidade de Barsalogho é um dos mais mortais desde que grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico entraram em Burkina Faso vindos do vizinho Mali, há quase uma década, mergulhando a nação em uma crise de segurança que contribuiu para dois golpes de Estado em 2022.
A junta governista condenou a violência, mas não informou quantas pessoas foram mortas.
Centenas de feridos foram levados para instalações de saúde na cidade de Kaya, a cerca de 40 km ao sul, onde uma fonte que não quis ser identificada por medo de represálias disse que o número de mortos no ataque provavelmente ultrapassou 500.
A fonte disse nesta terça-feira que as tropas de Burkina Faso forçaram os relutantes residentes de Barsalogho a interromper suas atividades diárias e cavar trincheiras ao redor da cidade para deter os insurgentes.
Centenas de pessoas estavam trabalhando do lado de fora quando os supostos jihadistas atacaram, disse a fonte por telefone, citando os relatos de várias vítimas feridas em Kaya.
"Tudo o que eles podiam fazer era deitar uns sobre os outros. Foi uma carnificina", disse a fonte, acrescentando que os homens armados também atiraram em mulheres que coletavam lenha nas proximidades.
Parentes de residentes de Barsalogho na capital Ouagadougou emitiram uma declaração conjunta no domingo, relatando cadeia de eventos semelhante.
Eles disseram que pelo menos 400 pessoas foram mortas, no local ou sucumbindo a ferimentos mais tarde, e que centenas de outras foram hospitalizadas entre Kaya e a capital Ouagadougou.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente a estimativa do número de mortos.
A declaração acusou o Exército de forçar os moradores a cavar as trincheiras, espancando aqueles que temiam represálias por estarem visivelmente ao lado das autoridades em uma área repleta de atividades insurgentes violentas.
Nenhum grupo reivindicou diretamente a responsabilidade pelo derramamento de sangue. A afiliada da Al Qaeda, Jama'a Nusrat ul-Islam wa al-Muslimin, disse que havia tomado o controle do suposto quartel-general do Exército em Barsalogho em 24 de agosto.
(Reportagem de Sofia Christensen; reportagem adicional de David Lewis)