(Reuters) - Aung San Suu Kyi, a líder deposta de Mianmar, foi acusada de violar a lei de segredos da era colonial, disse seu advogado nesta quinta-feira, a imputação mais grave contra a oponente veterana do governo militar.
Mianmar está sendo abalada por protestos desde que o Exército depôs o governo eleito de Suu Kyi no dia 1º de fevereiro citando alegações infundadas de fraude em uma eleição de novembro que o partido da líder venceu com folga.
Em uma nova medida para conter as comunicações a respeito da turbulência no país, a junta ordenou que os provedores de internet desliguem os serviços de banda larga sem fio até segunda ordem, disseram várias fontes de empresas de telecomunicação.
Suu Kyi e outros membros da sua Liga Nacional pela Democracia foram detidos desde o golpe, e a junta já a havia acusado de vários crimes menores, como a importação ilegal de seis walkie-talkies e violação dos protocolos contra o coronavírus.
Seu principal advogado, Khin Maung Zaw, disse à Reuters por telefone que Suu Kyi, três dos ministros de seu gabinete deposto e um conselheiro econômico australiano detido, Sean Turnell, foram acusados uma semana atrás em um tribunal de Yangon nos termos da lei de segredos oficiais, acrescentando que soube da nova acusação dois dias atrás.
Uma condenação decorrente da lei pode implicar em uma pena de prisão de até 14 anos.
Um porta-voz da junta não respondeu a telefonemas pedindo comentários.
Suu Kyi, que tem 75 anos e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991 graças aos seus esforços para levar a democracia a Mianmar, participou via videoconferência de uma audiência relacionada às acusações anteriores nesta quinta-feira. Outro de seus advogados, Min Min Soe, disse que ela parecia estar com boa saúde.
"Amay Su e o presidente U Win Myint estão com boa saúde", disse ele, usando uma expressão afetuosa que significa "mãe" para se referir a Suu Kyi. O presidente, um aliado de Suu Kyi, também foi deposto e detido no golpe e também é alvo de várias acusações.
Seus advogados dizem que as acusações contra ambos foram forjadas.
Ao menos 538 civis foram mortos em protestos contra o golpe, 141 deles no sábado, o dia mais sangrento dos distúrbios, de acordo com a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos.
Mas os protestos ressurgiram em vários lugares nesta quinta-feira, e mais duas pessoas foram mortas, segundo reportagens.
(Da redação da Reuters)