Por Laurie Chen e Xiaoyu Yin
MEIZHOU, CHINA (Reuters) - Mais de mil peregrinos taiwaneses se reuniram na província de Fujian, no sudeste da China, esta semana para um festival religioso, um raro exemplo de intercâmbio cultural entre os dois lados do estreito que ameaça ser ofuscado por tensões políticas.
Na ilha de Meizhou, lar de um conjunto de vilas rurais de pescadores, o rugido ensurdecedor de fogos de artifício e gongos acompanhou os devotos da deusa do mar Mazu, uma divindade popular adorada por milhões em Taiwan e nas comunidades costeiras do sul da China. A ilha, onde os devotos dizem que a deusa nasceu, é o centro religioso Mazu mais importante.
Os templos Mazu em ambos os lados do estreito de Taiwan compartilham fortes laços culturais. Mas autoridades de Taiwan dizem achar que o Partido Comunista Chinês tem tentado influenciar os fiéis taiwaneses com visitas subsidiadas à China e intercâmbios religiosos.
Moradores vestidos com túnicas cerimoniais coloridas, acompanhados por grupos de tambores e fogos de artifício, desfilaram estátuas de Mazu ao redor de templos na ilha. Acredita-se que a deusa proteja marinheiros e pescadores.
O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, irritou Pequim na quinta-feira, reiterando que a China não tem o direito de representar Taiwan. Autoridades taiwanesas e ocidentais alertaram que a China poderia realizar exercícios militares em resposta.
A China aumentou a frequência dos jogos de guerra em torno de Taiwan nos últimos meses, lançando exercícios de "punição" em grande escala em maio, após a posse de Lai.
Pequim reivindica Taiwan, governada democraticamente, como seu próprio território, uma visão que Lai e seu governo rejeitam. A China defende a "unificação pacífica", mas não renunciou à possibilidade de anexar Taiwan pela força.