SÃO PAULO (Reuters) - O vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, disse nesta segunda-feira que o rompimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo gerou uma "crisezinha política", mas não uma crise institucional no país.
Em Nova York, Temer, que também é presidente do PMDB, procurou ainda minimizar as críticas feitas ao governo no fim de semana pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Até uma crisezinha política existe, por causa da posição do presidente Eduardo Cunha, mas (crise) institucional não existe", disse Temer a jornalistas, de acordo com áudio divulgado na Internet por sua assessoria.
"O país vive, de qualquer maneira, uma tranquilidade institucional, apesar de todos esses embaraços, isto é importante para o Brasil... Crise política pode haver. Isso depende de diálogo, e nós vamos continuar a fazer esse diálogo com o Congresso Nacional", afirmou Temer, que previu que a atual crise política deverá ser superada "em breve".
Na sexta-feira Cunha anunciou em tom agressivo seu rompimento pessoal com o Palácio do Planalto e sua ida para a oposição. Ele disse ainda que defenderá no congresso do PMDB, marcado para setembro, que o partido faça o mesmo.
Já no fim de semana, Renan divulgou um vídeo em que volta a fazer críticas ao ajuste fiscal realizado pelo governo da presidente Dilma Rousseff, classificado por ele de "tacanho" e "insuficiente". Ele disse também que o Congresso não está disposto a aprovar elevação de impostos.
"Acho que o Renan quis dizer que ele (ajuste fiscal) ainda não é suficiente. E de fato, nisso nós estamos todos de acordo", minimizou Temer.
O articulador político do governo lembrou da proposta enviada pelo governo ao Congresso sobre repatriação de recursos nacionais no exterior como uma das medidas que visam aumentar a arrecadação para ajudar no ajuste das contas públicas.
"Eu creio que o Renan, com a ponderação que o peculiariza, quis dizer exatamente isso: ainda é insuficiente. Então nós temos que trabalhar mais, para arrecadar mais", afirmou.
(Reportagem de Eduardo Simões)