Por Steve Keating
TORONTO (Reuters) - Não são os Jogos que Toronto gostaria, mas foram os que conseguiu, e agora a maior cidade do Canadá irá tentar vestir a camisa dos Jogos Pan-Americanos e convencer o mundo de que está à altura de sediar uma Olimpíada.
Apesar de não ter o prestígio dos Jogos Olímpicos, para os quais Toronto se candidatou sem sucesso em 1996 e 2008, o Pan, que acontece entre os dias 10 e 26 de julho, será o maior evento multiesportivo já realizado em solo canadense, com quase 7 mil atletas das Américas do Norte, Central e do Sul e do Caribe competindo em 36 modalidades.
E para os atletas em 10 esportes –ou 16 eventos– o Pan oferece a chance de classificação automática para a Olimpíada do Rio 2016, o que leva muitos países a enviarem sua elite esportiva. Mesmo assim, no geral haverá poucos nomes de primeiro escalão na competição.
Os campeonatos mundiais de atletismo, natação e rúgbi irão afastar muitas estrelas do Pan-Americano canadense, como o velocista jamaicano Usain Bolt, as lendas norte-americanas da natação Michael Phelps e Ryan Lochte e os velocistas dos EUA Tyson Gay e Justin Gatlin.
Apesar de estarem enviando o que muitos consideram seu "time B", os Estados Unidos terão uma delegação de 623 membros e devem encabeçar o quadro de medalhas novamente com facilidade, enquanto potências regionais como Cuba, o próprio Canadá, Brasil e México lutam pelas outras colocações.
Mas o grande prêmio pode ficar com Toronto, já que a cidade tenta firmar suas credenciais olímpicas. O Pan pode não ter o atrativo de um evento de primeira grandeza, mas tem as dores de cabeça logísticas e um custo quase olímpicos: 1,10 bilhão de dólares.
O Rio de Janeiro desenvolveu um plano de ação eficiente ao usar os Jogos Pan-Americanos de 2007 como vitrine de seu potencial como sede de uma Olimpíada antes de conquistar os Jogos de 2016.
No ano passado, um comitê de desenvolvimento econômico de Toronto rejeitou a ideia de mais uma candidatura olímpica, mas há interesse de sobra entre as autoridades. Nos meses que antecederam a cerimônia de abertura da próxima sexta-feira o Pan rendeu pouco assunto, mas muita reclamação a respeito do tráfego e das medidas de segurança.
Milhões foram gastos em projetos de infraestrutura bastante necessários de transporte e de outros tipos, assim como a construção de instalações esportivas de primeiro mundo, mas para muitos moradores da região é um dinheiro mal gasto para um evento esportivo de 16 dias de segunda categoria.
Essa apatia ficou evidente na demora da venda dos ingressos, mas nas últimas semanas o Pan começou a despertar atenção, e os organizadores se gabaram de estar vendendo o equivalente a uma entrada a cada 20 segundos.