ALLENTOWN, Pensilvânia (Reuters) - Uma multidão bastante peculiar se reuniu em torno de um ônibus azul e ouviu atentamente enquanto Hadley Duvall, defensora do direito ao aborto e apoiadora da campanha presidencial de Kamala Harris, contava como foi estuprada e engravidou de seu padrasto aos 12 anos de idade.
Duvall acabou sofrendo um aborto espontâneo, mas disse que, de acordo com as novas leis de aborto em seu estado natal, Kentucky, ela teria sido forçada a manter a gravidez até o fim.
A Reuters acompanhou um tour do ônibus por dois dias na Pensilvânia. A maioria dos que compareceram apoiam Harris, enquanto alguns vieram para ouvir mais sobre ela.
Os democratas veem o direito ao aborto como uma questão popular para Harris usar contra Trump, o republicano que, enquanto presidente, nomeou três juízes da Suprema Corte que em 2022 ajudaram a derrubar a decisão Roe v. Wade, de 1973, que legalizou o aborto em todo o país.
Uma pesquisa da Reuters e da Ipsos realizada de 21 a 28 de agosto revelou que a maioria dos eleitores, incluindo 34% dos republicanos, quer que o próximo presidente proteja ou aumente o acesso ao aborto.
Trump diz que apoia o direito ao aborto em circunstâncias de estupro, incesto ou quando a vida da mãe está em perigo, mas afirma que cabe a cada estado decidir por si mesmo, e alguns não permitem exceções. Ele nega as afirmações dos democratas de que planeja transformar em lei a proibição dos abortos em todo o território nacional.