Por Gabrielle Tétrault-Farber
GENEBRA (Reuters) - Um especialista da Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta segunda-feira que o tratamento dado pelo Taliban às mulheres e meninas afegãs pode equivaler a um apartheid de gênero, já que seus direitos continuam a ser gravemente infringidos pelas autoridades do país.
"A discriminação grave, sistemática e institucionalizada contra mulheres e meninas está no cerne da ideologia e do governo do Taliban, o que também dá origem a preocupações de que elas possam ser responsáveis pelo apartheid de gênero", disse o relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, ao Conselho de Direitos Humanos em Genebra.
A ONU define o apartheid de gênero como "discriminação sexual econômica e social contra indivíduos por causa de seu gênero ou sexo".
"Apontamos para a necessidade de mais exploração do apartheid de gênero, que atualmente não é um crime internacional, mas pode se tornar", disse Bennett a repórteres à margem do Conselho.
"Parece que se alguém aplicar a definição de apartheid, que no momento é para raça, à situação no Afeganistão e usar sexo em vez de raça, então parece haver fortes indícios apontando para isso."
O Taliban tomou o poder em agosto de 2021, restringindo drasticamente as liberdades e direitos das mulheres, incluindo sua capacidade de frequentar o ensino médio e a universidade.
Em um relatório de julho a dezembro de 2022, Bennett descobriu em março que o tratamento dado pelo Taliban a mulheres e meninas "pode equivaler a perseguição de gênero, um crime contra a humanidade".
Em abril, as autoridades do Taliban também começaram a impor a proibição de mulheres afegãs trabalharem para a ONU depois de impedir que as mulheres trabalhassem para grupos de ajuda em dezembro.
As autoridades do Taliban dizem que respeitam os direitos das mulheres de acordo com sua interpretação estrita da lei islâmica.