Por Prak Chan Thul
PHNOM PENH (Reuters) - Um tribunal de guerra apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Camboja indiciou dois ex-membros do Khmer Vermelho por crimes contra a humanidade, nesta terça-feira, por seu suposto papel nas mortes de estimadas 1,8 milhão de pessoas durante o regime nos anos 1970.
As acusações foram feitas contra Im Chaem, monja budista na casa dos 60 anos suspeita de comandar um campo de trabalhos forçados, e Meas Muth, ex-chefe da Marinha de cerca de 80 anos que supostamente enviou detidos para um centro de tortura onde pelo menos 14 mil pessoas morreram.
Nenhum dos suspeitos ainda foi preso.
O anúncio marcou um raro sinal de progresso na corte, assolada por disputas internas, interferência política, renúncias e carência de financiamento desde que foi criada quase uma década atrás para levar à Justiça "os mais responsáveis" pelas mortes de um quinto da população entre 1975 e 1979.
Até agora o tribunal só condenou três réus por crimes contra a humanidade, dois dos quais –o "Irmão Número Dois" Nuon Chea e o ex-presidente Khieu Samphan– continuam sendo julgados em um caso separado. Um réu morreu antes de se obter um veredicto e outro foi declarado incapaz de ser submetido a julgamento por ter Alzheimer.
As acusações mais recentes cobrem brechas em leis e convenções cambojanas e internacionais, e incluem assassinato, extermínio, escravidão e perseguição política e étnica, assim como "outros atos desumanos".
Muitos remanescentes do Khmer Vermelho estão integrados à sociedade e alguns ocupam cargos no governo, que vem sendo acusado de tentar deter os avanços do tribunal para proteger figuras proeminentes.