Por Andrew Osborn e Nvard Hovhannisyan e Nailia Bagirova
MOSCOU/YEREVAN/BAKU (Reuters) - Tropas de paz da Rússia foram enviadas ao enclave montanhoso de Nagorno-Karabakh nesta terça-feira, parte de um acordo de cessar-fogo firmado para encerrar seis semanas de combates intensos entre o Azerbaijão e forças armênias étnicas.
Conforme o acordo, o Azerbaijão manterá os ganhos territoriais obtidos nos combates, incluindo Shusha, segunda maior cidade do enclave e que os armênios chamam de Shushi. As forças armênias étnicas devem ceder o controle de uma série de outros territórios entre agora e 1º de dezembro.
O Ministério da Defesa da Armênia disse que as ações militares foram suspensas e que a calma foi restaurada no território separatista, que é reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão, mas povoado e, até recentemente, totalmente comandado por armênios étnicos.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que o acordo deveria abrir caminho para um pacto político duradouro após um conflito que já matou milhares, deslocou muitos outros e ameaçou mergulhar a região como um todo em uma guerra.
A Turquia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e principal apoiadora e fornecedora de armas do Azerbaijão, disse que o acordo garantiu ganhos importantes para seu aliado, e seu ministro das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, comemorou o feito como um "sucesso sagrado".
O cessar-fogo provocou comemorações em Baku, a capital do Azerbaijão, onde carros e ônibus tocaram as buzinas e pessoas vibraram e acenaram com a bandeira nacional.
"Este comunicado (de cessar-fogo) tem significado histórico. Este comunicado constituiu a capitulação da Armênia. Este comunicado põe fim à ocupação de anos", disse o presidente azeri, Ilham Aliyev.
Alguns azeris lamentaram que os combates tenham terminado antes de seu país controlar toda a área de Nagorno-Karabakh e desconfiaram da chegada das tropas de paz da Rússia, que dominou a região nos tempos soviéticos.
"Estávamos prestes a recuperar toda Nagorno-Karabakh", disse Kiamala Aliyeva, de 52 anos. "O acordo é muito vago, não confio na Armênia e confio ainda menos na Rússia."
O líder de Nagorno-Karabakh, Arayik Harutyunyan, disse que não havia opção além de concluir um acordo de paz por causa do risco de perder todo o enclave para o Azerbaijão. O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, disse que concluiu o acordo de paz sob pressão de seu próprio Exército.
(Reportagem adicional de Margarita Antidze em Tbilisi e Vladimir Soldatkin em Moscou, John Irish e Elisabeth Pineau em Paris e Tuvvan Gumruku em Ancara)