Por Elizabeth Piper e Estelle Shirbon
BRUXELAS/LONDRES (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que vazamentos "profundamente perturbadores" para a mídia dos EUA sobre o ataque suicida em Manchester serão investigados depois que a polícia britânica expressou sua irritação, parando de compartilhar informações com agências norte-americanas.
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, manifestou suas preocupações a Trump durante uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas, dizendo-lhe que a inteligência compartilhada entre os dois países precisa permanecer segura, uma demonstração pública rara de insatisfação com o aliado de segurança mais próximo de seu país.
"Os supostos vazamentos partindo de agências do governo são profundamente perturbadores", afirmou Trump em um comunicado divulgado depois de chegar em Bruxelas.
"Estou pedindo ao Departamento de Justiça e a outras agências relevantes para iniciarem uma análise completa desta questão, e, se apropriado, o culpado deveria ser processado com toda a força da lei."
A desavença acontece no momento em que a polícia do Reino Unido intensifica sua investigação sobre uma possível rede por trás de Salman Abedi, um britânico de 22 anos de pais líbios que se explodiu na noite de segunda-feira na Manchester Arena após uma apresentação da cantora norte-americana Ariana Grande.
Os fãs da cantora são em sua maioria crianças e adolescentes, e a explosão matou 22 pessoas, de uma aluna de 8 anos de idade a pais que foram buscar os filhos no local.
A polícia tem oito pessoas sob custódia devido à sua ligação com o ataque, e unidades antibomba estão auxiliando as buscas enquanto agentes fazem operações em propriedades de toda a cidade.
"Quero assegurar às pessoas que as prisões que fizemos são significativas, e buscas iniciais em determinados locais revelaram itens que acreditamos serem muito importantes para a investigação", disse o chefe de polícia de Manchester, Ian Hopkins.
Como o alerta oficial de ameaça foi elevado a "crítico", o que significa que um novo ataque pode ser iminente, soldados foram enviados para tomar o lugar de policiais e agentes armados estão patrulhando trens no Reino Unido pela primeira vez.
Uma fonte a par da investigação disse à Reuters que Abedi pode ter feito a bomba sozinho ou com ajuda de um cúmplice – anteriormente se acreditava que um fabricante de bombas podia estar à solta.
Ao longo dos últimos três dias vários detalhes do inquérito, incluindo o nome do homem-bomba, saíram primeiro na mídia dos EUA, o que revoltou a polícia britânica, segundo a qual tais vazamentos poderiam comprometer sua investigação.
O ataque feriu 116 pessoas, das quais 75 foram hospitalizadas, e 23 continuam em estado grave, informaram autoridades de saúde.
(Reportagem adicional de Steve Holland em Bruxelas, Kylie MacLellan, Andy Bruce, Alistair Smout, William James, William Schomberg, Kate Holton e Paul Sandle em Londres)