WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu nesta terça-feira sua decisão de revelar informações a autoridades da Rússia durante uma reunião ocorrida na Casa Branca na semana passada, dizendo que tem o "direito absoluto" de compartilhar "fatos relativos ao terrorismo e à segurança de voos".
O presidente usou o Twitter para rebater uma avalanche de críticas, inclusive de seu colegas republicanos, provocadas por relatos de que ele teria revelado informações altamente sigilosas sobre uma operação planejada pelo Estado Islâmico.
Dois funcionários norte-americanos disseram que Trump compartilhou informação da inteligência, fornecida por um aliado dos EUA na luta contra o grupo militante, com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e com o embaixador russo, Sergei Kislyak, durante uma reunião na quarta-feira passada.
As revelações feitas no final da segunda-feira abalaram o governo, que se esforça para superar a repercussão negativa da decisão de Trump de demitir abruptamente o diretor do FBI, James Comey, que investigava seus laços com a Rússia.
O incidente eclipsou prioridades legislativas dos republicanos, como as reformas tributária e da saúde, e expôs as divisões profundas entre a Casa Branca e as agências de inteligência do país, que no final do ano passado concluíram que Moscou tentou influenciar a eleição presidencial de 2016 a favor de Trump.
A Rússia nega tal interferência, e Trump se exaspera com qualquer insinuação de que deve sua vitória de 8 de novembro a Moscou.
"Como presidente eu quis compartilhar com a Rússia (em uma reunião aberta planejada na Casa Branca), o que eu tenho o direito absoluto de fazer, fatos relativos ao terrorismo e à segurança de voos. Razões humanitárias, e além disso eu quero que a Rússia aumente sua luta contra o Estado Islâmico e o terrorismo", escreveu Trump no Twitter.
Trump fez questão de se pronunciar na manhã seguinte à divulgação de comunicados de seu secretário de Estado, Rex Tillerson, e de seu assessor de segurança nacional, H.R. McMaster, no quais dizem que nenhuma fonte, método ou operação militar foram debatidos no encontro com os dois russos.
McMaster disse que a história, reportada inicialmente pelo jornal Washington Post, é falsa.
Os funcionários norte-americanos disseram à Reuters que, embora o presidente tenha autoridade para revelar até as informações mais sigilosas à vontade, neste caso ele o fez sem consultar o aliado que as proporcionou, o que pode colocar em risco um acordo já antigo de compartilhamento de inteligência.
(Por Susan Heavey, Doina Chiacu, Patricia Zengerle, Jeff Mason, Mark Hosenball)