Por Ted Hesson e Kristina Cooke
AURORA, Estados Unidos (Reuters) - Donald Trump realizará um comício com foco em imigração nesta sexta-feira em Aurora, Colorado, um lugar que o candidato presidencial republicano descreveu falsamente como uma "zona de guerra" invadida por membros de gangues venezuelanas, mesmo com autoridades locais negando as alegações.
O ex-presidente Trump usou o subúrbio de Denver, com 400 mil habitantes, como símbolo de o que chama de "crime de migrantes", que ele diz ser resultado dos altos níveis de imigração ilegal sob o comando do presidente democrata Joe Biden e da vice-presidente Kamala Harris, sua adversária eleitoral.
Embora estudos mostrem que imigrantes não cometem crimes em uma taxa mais alta do que norte-americanos nativos, a imigração é uma das principais preocupações dos eleitores na corrida para a eleição presidencial de 5 de novembro.
Trump fez afirmações falsas de que os imigrantes são responsáveis por uma onda de crimes nos EUA, intensificando uma retórica desumanizadora para descrever os imigrantes.
"Aurora, Colorado, tornou-se uma 'zona de guerra' devido ao influxo de violentos membros venezuelanos de gangues prisionais da Tren de Aragua", disse a campanha de Trump em um comunicado anunciando o comício.
Durante um debate presidencial com Kamala, em 10 de setembro, Trump afirmou que os membros da Tren de Aragua controlavam vários complexos de apartamentos em ruínas em Aurora -- alegações refutadas por autoridades da cidade.
"Eles estão tomando conta das cidades. Estão tomando conta dos edifícios. Estão entrando violentamente", disse Trump. "Essas são as pessoas que ela e Biden deixaram entrar em nosso país."
Trump fez o comentário junto com outra falsidade proeminente: que os imigrantes haitianos em Springfield, Ohio, estavam comendo os animais de estimação das pessoas, reproduzindo um estereótipo racista histórico contra imigrantes.
O prefeito de Aurora, Mike Coffman, um republicano que inicialmente repetiu as alegações e depois recuou, disse em uma declaração antes do comício que "as preocupações com a atividade das gangues venezuelanas foram muito exageradas" e deu as boas-vindas a Trump.
V. Reeves, um organizador comunitário da Housekeys Action Network, disse que os moradores estão nervosos com a visita de Trump.
"Eles estão preocupados com o fato de os apoiadores de Trump aparecerem e os ameaçarem", disse Reeves. "Vimos pessoas chegando em carros, agitando armas no ar, dizendo que querem matar todos os venezuelanos."
Trump e outros republicanos apresentaram a Tren de Aragua como uma nova e temível ameaça e tentaram vincular os crimes cometidos por supostos membros aos altos níveis de travessias ilegais da fronteira.
A Casa Branca e o Departamento do Tesouro designaram a gangue como uma organização criminosa transnacional no início deste ano, embora especialistas policiais da América Latina tenham dito à Reuters que não havia evidência de organização em grande escala nos EUA.
(Reportagem de Ted Hesson em Aurora, Colorado e Kristina Cooke em San Francisco)