Por David Shepardson e Nataliza Zinets
WASHINGTON/KIEV (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou estar disposto a trabalhar com Kiev e Moscou para resolver um conflito separatista no leste da Ucrânia, após um telefonema com o presidente ucraniano Petro Poroshenko no sábado.
A ligação foi o primeiro contato direto entre os dois líderes desde a posse de Trump, cuja intenção de melhorar as relações com o Kremlin alarmou Kiev enquanto o conflito de quase três anos continua sem solução.
O contato ocorreu após novos ataques de artilharia na região de Donbass, na Ucrânia, que quebrou uma calmaria nos bombardeios em um ponto quente da linha de frente que havia aumentado as esperanças de que a pior escalada do conflito em meses estivesse diminuindo.
"Trabalharemos com a Ucrânia, Rússia e todas as outras partes envolvidas para ajudá-los a restaurar a paz ao longo da fronteira", disse Trump em comunicado da Casa Branca após falar com Poroshenko.
A aberta admiração de Trump pelo presidente russo Vladimir Putin e a promessa de campanha de reparar os laços com Moscou levantaram questões sobre o comprometimento de sua administração de manter as sanções contra a Rússia por seu envolvimento no combate e na anexação da Criméia pela Ucrânia.
O escritório de Poroshenko afirmou que a conversa com Trump prestou atenção especial ao "ajuste da situação em Donbass e a atingir a paz por vias políticas e diplomáticas."
"Os dois lados discutiram o fortalecimento da parceria estratégica entre Ucrânia e os Estados Unidos", disse em comunicado.
As sanções dos Estados Unidos e da UE contra a Rússia estão relacionadas às acusações de Kiev e da Otan de que o Kremlin estimulou o conflito ao apoiar os separatistas com tropas e armamento - uma acusação que o país nega.
A Rússia diz que a Ucrânia instigou o último conflito para firmar o apoio do Ocidente, enquanto Kiev acusa o Kremlin de agitar a violência para testar a vontade da nova administração dos EUA de se envolver na crise.
Trump afirmou que seu respeito por Putin não afetaria sua política externa.
"Eu respeito muitas pessoas, mas isso não significa que eu vou me dar bem com ele. Ele é um líder de seu país. Eu digo que é melhor se dar bem com a Rússia do que não se dar", disse Trump em entrevista à Bill O'Reilly, da Fox News, no sábado.