Por James Oliphant e Lesley Wroughton
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que saberá na semana que vem se sua cúpula com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, ocorrerá no dia 12 de junho em Cingapura, como combinado, aumentando as dúvidas sobre os planos para o encontro inédito.
Assessores da Casa Branca estão se preparando para viajar a Cingapura neste final de semana para uma reunião crucial com autoridades norte-coreanas para debater a agenda e a logística da cúpula, disseram funcionários dos EUA sob condição de anonimato.
A delegação, que inclui o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Joseph Hagin, e a vice-conselheira de Segurança Nacional, Mira Ricardel, está sendo enviada apesar de Trump ter dito na terça-feira que existe uma "chance substancial" de a cúpula ser cancelada devido ao receio de que Pyongyang não esteja preparada para abdicar de seu arsenal nuclear. Indagado nesta quarta-feira se a cúpula ocorrerá, Trump respondeu aos repórteres: "Pode muito bem acontecer. Seja lá o que for, saberemos na semana que vem a respeito de Cingapura. E se formos, acho que será ótimo para a Coreia do Norte". Mas acrescentou: "Veremos". Trump não disse, porém, se existe a expectativa de as conversas preparatórias entre autoridades de Washington e Pyongyang nos próximos dias esclarecerem a situação. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse nesta quarta-feira que os EUA estão preparados para abandonar as negociações nucleares com a Coreia do Norte se a cúpula tomar a direção errada. Pompeo disse estar "muito esperançoso" com a realização do encontro, mas que em última instância a decisão cabe a Kim. Trump pôs a cúpula em dúvida durante conversas com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que foi a Washington fazer um apelo para que não deixe escapar uma oportunidade rara com a reclusa Coreia do Norte. Não ficou claro se Trump está de fato desistindo da reunião ou se se trata de uma estratégia para persuadir Pyongyang a negociar depois de décadas de tensão na península coreana e de antagonismo com Washington por causa de seu programa de armas nucleares. A Casa Branca foi pega de guarda baixa na semana passada quando, em uma mudança de tom abrupta, a Coreia do Norte criticou os exercícios de combate entre a Coreia do Sul e os EUA e ameaçou descartar a cúpula se for forçada a realizar um "abandono nuclear unilateral". Um adiamento ou fracasso da cúpula representaria um grande golpe ao que apoiadores do presidente norte-americano esperam ser a maior conquista diplomática de sua Presidência. Pompeo insistiu que o governo Trump está "enxergando claramente" o que enfrenta com a Coreia do Norte, que tem um histórico de fazer promessas e recuar em negociações internacionais. (Por James Oliphant, Patricia Zengerle e Lesley Wroughton; reportagem adicional de Matt Spetalnick e John Walcott)