Por Maria Alejandra Cardona e Patricia Zengerle
PALM BEACH, Flórida (Reuters) - O ex-presidente e candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, durante encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que o relacionamento entre eles sempre foi muito bom, e o líder de Israel disse acreditar que progressos estão sendo feitos para a obtenção de um cessar-fogo.
Netanyahu viajou para Mar-a-Lago, resort de Trump na Flórida, para se encontrar com o ex-presidente, depois de ter se reunido com o atual presidente do país, Joe Biden, e com a vice, Kamala Harris, que deve enfrentar Trump na eleição do dia 5 de novembro.
Trump cumprimentou Netanyahu e sua mulher, Sara, e criticou Kamala, que expressou publicamente, após se reunir com o israelense, preocupações sobre o número de civis palestinos mortos na ofensiva israelense na Faixa de Gaza, que já dura nove meses.
“Acho que os comentários dela foram desrespeitosos”, afirmou.
Já Netanyahu disse esperar que sua viagem aos EUA acelere o acordo de cessar-fogo. “Espero. Mas acho que somente o tempo vai dizer”, afirmou.
Ele disse que houve avanços nos esforços para obter um cessar-fogo por causa da pressão militar israelense, e que ele destacará uma equipe para negociações em Roma.
Trump negou ter qualquer tipo de tensão com o premiê.
“Temos um relacionamento muito bom”, disse o político, salientando as mudanças feitas durante a sua Presidência, inclusive a mudança da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém e a retirada do país do acordo nuclear internacional com o Irã.
Netanyahu irritou Trump quando parabenizou Biden por sua vitória sobre ele em 2020. O republicano alega falsamente que a eleição foi roubada e que houve fraude. Mais recentemente, o ex-presidente criticou o premiê por falhas de segurança que permitiram ao Hamas realizar o ataque contra Israel no dia 7 de outubro, ato que provocou a ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza.
Pesquisas de opinião colocam Kamala em uma corrida eleitoral apertada contra Trump pela Casa Branca, fazendo líderes mundiais como Netanyahu, geralmente mais próximos dos republicanos do que dos democratas, buscarem um equilíbrio nas conversas com autoridades dos EUA.
PREOCUPAÇÃO
Durante conversas na quinta-feira, Kamala pressionou o primeiro-ministro acerca do sofrimento dos palestinos no enclave, em ato que foi visto como um sinal de que ela pode modificar a atitude do país caso se torne presidente.
“Deixei clara minha grande preocupação sobre a terrível situação humanitária lá”, afirmou Kamala. “Não ficarei calada.
"Israel tem o direito de se defender. E como faz isso importa”, acrescentou.
Em comentários feitos ao Congresso norte-americano na quarta-feira, Netanyahu defendeu os militares israelenses e rejeitou críticas pela ofensiva que devastou a Faixa de Gaza e matou mais de 39 mil pessoas, de acordo com autoridades de Saúde do enclave, que é governado pelo Hamas.
Durante o discurso, o premiê elogiou Biden pelo apoio a Israel. Mas, para deleite dos republicanos, também falou sobre os atos pró-Israel do governo Trump.
(Reportagem de Maria Alejandra Cardona em Palm Beach e Patricia Zengerle em Washington)