Por John Whitesides
(Reuters) - O presidente republicano dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu rival democrata, Joe Biden, se enfrentarão pela primeira vez nesta terça-feira em um debate que exibirá um choque de estilos e a perspectiva de um acerto de contas intenso e brutalmente pessoal.
Como mais de um milhão de norte-americanos já estão depositando votos antecipadamente e o tempo para mudar opiniões ou influenciar a pequena parcela de eleitores indecisos está se esgotando, as apostas serão enormes quando os dois candidatos à Casa Branca subirem ao palco a cinco semanas da eleição de 3 de novembro.
O incendiário Trump e o mais contido Biden debaterão uma série de desafios políticos urgentes, como uma pandemia de coronavírus que já matou mais de 200 mil pessoas nos EUA e deixou milhões sem emprego, uma batalha iminente sobre a indicação da juíza Amy Coney Barrett à Suprema Corte e os protestos contínuos por justiça racial em todo o país.
O pomo da discórdia mais recente veio à tona no domingo, quando o jornal New York Times noticiou que Trump só pagou 750 dólares de Imposto de Renda em 2016 e 2017 – e nenhum em 10 dos 15 anos anteriores.
O confronto pode ser crucial para Biden, dando-lhe a chance de provar que tem mão firme e é capaz de entrar no Salão Oval e acabar com o tumulto do primeiro mandato de Trump, dizem estrategistas.
Biden vem mantendo uma vantagem constante sobre Trump em pesquisas de opinião nacionais, mas sondagens nos Estados-chave que decidirão a eleição mostram uma disputa muito mais acirrada.
Atualmente, cerca de 9% dos eleitores prováveis não apoiam o candidato de nenhum dos grandes partidos, menos da metade do número daqueles que não estavam comprometidos com um dos principais concorrentes em setembro de 2016, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos.
"Os eleitores já se decidiram a respeito de Donald Trump. Eles ainda não sabem bem o que pensar de Joe Biden", disse o estrategista republicano Alex Conant, que foi assessor do senador Marco Rubio durante sua campanha nas primárias presidenciais de 2016 contra Trump.
"Se Biden chegar e demonstrar que não assusta os independentes e é capaz de fazer o trabalho, irá se ajudar significativamente", opinou.
Assessores da Casa Branca dizem que Trump, de 74 anos, atacará agressivamente o histórico de Biden em questões de comércio, energia e impostos e que estará preparado para se defender quanto ao seus próprios impostos.
Biden, de 77 anos, detalhará quais de suas próprias promessas Trump descumpriu, disse uma fonte a par de sua estratégia.
O confronto de 90 minutos, com uma plateia limitada e sujeita a distanciamento social por causa da pandemia, começara às 21h locais (22h em Brasília) na Universidade Case Western Reserve de Cleveland.
(Reportagem adicional de Steve Holland e Trevor Hunnicutt)