Por Ayesha Rascoe e Roberta Rampton
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quarta-feira para um grupo diverso de parlamentares – alguns deles a favor de maiores restrições a armas e outros opostos a controle de armas – criar uma legislação abrangente para evitar ataques a tiros em escolas, após o mais recente massacre no país.
Trump tem cuidadosamente considerado mudanças nas leis de armas, pressionado por uma onda de ativismo estudantil após 17 pessoas serem mortas a tiros em uma escola em Parkland, na Flórida, em 14 de fevereiro.
O presidente republicano, endossado pela poderosa Associação Nacional do Rifle (NRA) em sua campanha de 2016, tem sido cauteloso para não irritar eleitores opostos a quaisquer contenções de posse de armas, especialmente antes das eleições de novembro, nas quais o controle do partido republicano no Congresso estará em risco.
Mas nesta quarta-feira, no início do quarto dia de discussões sobre políticas de armas que o presidente teve em uma semana, Trump pressionou o Congresso por algo grande no projeto de lei. Ele disse ter falado a autoridades da NRA que “precisamos parar esta loucura. É hora”.
Trump expressou aprovação à expansão de verificações de antecedentes para compradores de armas e aumento da idade legal de 18 para 21 anos para compra de rifles, dizendo que irá considerar seriamente uma ideia rejeitada pela NRA.
“Nós vamos bolar algumas ideias”, disse. “Esperamos poder colocar estas ideias em um projeto de lei bipartidário. Será muito lindo ter um projeto de lei que todos possam apoiar, ao contrário dos - vocês sabem – 15 projetos, todos têm seus próprios projetos”.
Dezessete senadores e deputados foram convidados para a sessão desta quarta-feira, uma mistura de republicanos e democratas entre um amplo espectro de pontos de vista sobre como impedir ataques a tiros em escolas.
Mesas redondas anteriores – todas abertas para câmeras de TV – incluíram alunos e pais, autoridades da aplicação da lei e governadores.
Antes do encontro na Casa Branca, diversos senadores republicanos disseram haver pouco consenso no partido sobre como abordar a questão ou até mesmo sobre seguir em frente debatendo um projeto de lei para melhorar a base de dados de verificações de antecedentes para compradores de armas.
“Eu não ouvi um consenso. Eu não sei o que o líder (senador Mitch McConnell) irá fazer”, disse o senador John Kennedy após um almoço republicano no Capitólio.
Kennedy, que expressou preocupações sobre o projeto de lei de verificação de antecedentes, disse sempre haver uma chance de nada acontecer.
Na Casa Branca, o senador democrata Chris Murphy, de Connecticut, disse a Trump que esforços anteriores para aprovar projetos de lei de verificação de antecedentes enfrentaram grandes obstáculos por conta da NRA, e alertou o presidente contra subestimar a influência política do grupo.
“A razão de nada ser feito aqui é porque o lobby de armas possui poder de veto sobre qualquer legislação que surja para o Congresso”, declarou Murphy.
(Reportagem de Roberta Rampton, Ayesha Rascoe, Doina Chiacu, Susan Cornwell e Richard Cowan)