Por Jeff Mason e Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu nesta quarta-feira trabalhar para mediar a paz entre israelenses e palestinos ao receber o presidente palestino, Mahmoud Abbas, na Casa Branca, mas não deu nenhuma pista sobre como poderia romper o impasse e ressuscitar negociações travadas há tempos.
No primeiro encontro pessoal dos dois líderes, Trump pressionou as autoridades palestinas a "falar com uma voz unificada contra o incitamento" da violência contra os israelenses, mas não chegou a reiterar explicitamente o compromisso de seu governo com uma solução de dois Estados ao conflito de décadas, um pilar antigo da política norte-americana.
"Vamos dar conta disso", disse Trump a Abbas durante a aparição conjunta na Casa Branca, dizendo estar preparado para atuar como mediador, facilitador ou árbitro entre os dois lados.
Abbas logo reafirmou o objetivo de um Estado palestino como algo vital para qualquer processo de paz revigorado, reiterando que este precisa ter sua capital em Jerusalém com fronteiras baseadas nas linhas existentes antes de 1967. Israel rejeita uma retorno às fronteiras de 1967 por ver nisso uma ameaça à sua segurança.
Trump enfrenta um ceticismo profundo em casa e no exterior no tocante às suas chances de fazer progresso com Abbas, inclusive porque a nova gestão ainda não articulou uma estratégia coesa para a retomada do processo de paz.
As conversas de Abbas na Casa Branca ocorreram na esteira de uma visita de meados de fevereiro do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na qual este logo procurou restabelecer os laços abalados pela relação frequentemente conflituosa com o antecessor do republicano Trump, o democrata Barack Obama.
Trump provocou críticas de todo o mundo quando pareceu recuar do apoio à solução de dois Estados, dizendo que deixaria o assunto a cargo das partes envolvidas. A meta de um Estado palestino vivendo pacificamente ao lado de Israel tem sido a posição de sucessivos governos norte-americanos e da comunidade internacional.
O encontro com Abbas, presidente da Autoridade Palestina apoiado pelo Ocidente, foi mais um teste para determinar se Trump, que ocupa o cargo há pouco mais de 100 dias, é sério a respeito da busca do que chamou de "objetivo derradeiro" de uma paz israelo-palestina.
"Eu sempre ouvi que talvez o acordo mais duro de fazer seja entre israelenses e palestinos. Vamos ver se conseguimos provar que estavam errados".
Trump, porém, não propôs nenhuma abordagem nova.
Embora as expectativas de algum progresso significativo sejam baixas, há planos sendo elaborados para uma visita de Trump ao líder de Israel em Jerusalém e possivelmente a Abbas na Cisjordânia nos dias 22 e 23 de maio, segundo pessoas a par do assunto.
Autoridades dos EUA e de Israel não quiseram confirmar a visita.
(Reportagem adicional de David Alexander e Nidal al-Mughrabi em Gaza e Ali Sawafta em Ramallah)