Por Steve Holland e Roberta Rampton
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou nesta terça-feira da ameaça de fechar a fronteira do país com o México para combater a imigração ilegal, em meio à pressão de companhias que temiam que tal medida pudesse causar caos em suas cadeias de fornecimento.
Na sexta-feira, Trump ameaçou fechar a fronteira nesta semana caso o México não agisse. Ele repetiu a ameaça nesta terça-feira, mas disse ainda não ter tomado uma decisão: “Vamos ver o que acontece nos próximos dias.”
O fechamento da fronteira poderia comprometer milhões de travessias legais e bilhões de dólares em transações comerciais. Nos últimos dias, montadoras de veículos têm advertido privadamente a Casa Branca de que a medida levaria à inatividade das fábricas de automóveis dos EUA dentro de dias, uma vez que elas dependem da rápida entrega de peças fabricadas no México.
Trump elogiou nesta terça-feira os esforços tomados pelo México para conter a imigração ilegal de cidadãos da América Central em sua própria fronteira sul.
“O México, como vocês sabem, a partir de ontem começou a apreender muitas pessoas em sua fronteira sul vindo de Honduras e Guatemala e de El Salvador e eles realmente estão apreendendo milhares de pessoas”, disse Trump a repórteres.
Na segunda-feira, o governo mexicano disse que ajudaria a regular o fluxo de imigrantes da América Central que está atravessando o seu país. Não ficou claro se houve um aumento no número de apreensões.
“Eles dizem que vão detê-los. Vamos ver. Eles têm o poder de detê-los, eles têm as leis para detê-los”, disse Trump.
Trump tem feito do combate à imigração ilegal do México e da América Central uma parte fundamental de sua agenda, mas fechar uma das fronteiras mais utilizadas do mundo pode ser demais, até para muitos de seus colegas republicanos.
O líder republicano do Senado, Mitch McConnell, se juntou a democratas ao advertir Trump contra a medida.
“Fechar a fronteira teria um impacto econômico potencialmente catastrófico em nosso país e eu espero que nós não façamos esse tipo de coisa”, disse McConnell a jornalistas no Congresso nesta terça-feira.
Um grupo representando General Motors (NYSE:GM), Ford Motor e Fiat Chrysler disse em comunicado que “qualquer ação que interromper o comércio na fronteira seria prejudicial para a economia dos EUA e, em particular, para a indústria automotiva”.
Dezenas de fábricas norte-americanas de veículos, motores e de autopeças poderiam parar de funcionar devido à falta de componentes alguns dias ou semanas após o fechamento da fronteira. A medida também impediria que milhares de veículos fabricados no México chegassem a concessionárias dos EUA.
(Reportagem adicional de Roberta Rampton, Steve Holland e David Shepardson em Washington e Mica Rosenberg em Nova York)