WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacou nesta quarta-feira o veredicto de um juiz federal que bloqueou um decreto presidencial que pretendia reter fundos de "cidades-santuário" destinados a imigrantes ilegais, prometendo apelar à Suprema Corte.
A decisão tomada na terça-feira pelo juiz distrital William Orrick, de San Francisco, foi o golpe mais recente nos esforços de Trump para intensificar o controle da imigração. Tribunais federais também rejeitaram seus dois decretos proibindo a entrada de cidadãos de alguns países de maioria muçulmana.
"Primeiro o Nono Circuito decide contra as proibições e agora volta a agir quanto às cidades-santuário –ambos veredictos ridículos. Vejo vocês na Suprema Corte!", tuitou o presidente, referindo-se a uma corte de apelações localizada em San Francisco e a seu distrito judicial.
O governo Trump tem visado as cidades-santuário, que geralmente oferecem um porto seguro a imigrantes ilegais e muitas vezes não usam fundos ou recursos municipais para aplicar as leis de imigração federais.
Críticos dizem que as autoridades colocam a segurança pública em risco ao se recusarem a entregar imigrantes ilegais presos por crimes para deportação, enquanto apoiadores argumentam que recorrer à cooperação policial para deter imigrantes e retirá-los do país mina a confiança na polícia local, especialmente entre latinos.
Dezenas de governos e cidades locais, incluindo Nova York, Los Angeles e Chicago, uniram-se ao movimento "santuário".
Em seu parecer, Orrick disse que o decreto de 25 de janeiro de Trump visou categorias amplas de financiamento federal para cidades-santuário e que os demandantes que o questionaram devem conseguir provar que a medida é inconstitucional.
É provável que uma apelação seja julgada no Tribunal de Apelações do Nono Circuito antes de ir à Suprema Corte. Os republicanos acreditam que a corte de apelações se inclina a favor dos liberais, e Trump não demorou para atacar sua reputação em seus tuítes.
Ela "tem um histórico terrível de decisões revertidas (quase 80 por cento). Costumavam chamar isso de 'compra de juiz!'. Sistema bagunçado", escreveu.
O tribunal de apelações provocou a ira de Trump no início do ano, ao manter a decisão de um juiz de Seattle que bloqueou o primeiro decreto presidencial barrando o ingresso de cidadãos de sete nações majoritariamente muçulmanas nos EUA.
Em maio a corte irá analisar uma apelação de uma ordem de um juiz do Havaí que rejeitou a proibição de viagens revisada de Trump, que tentou impor restrições a cidadãos de seis países de maioria muçulmana. Um juiz de Maryland também rejeitou trechos da segunda proibição de viagens.
(Por Doina Chiacu)