Por Luc Cohen
(Reuters) - Republicanos estão processando três Estados-chave da eleição presidencial norte-americana para impedir o que chamam de votação ilegal do exterior, mesmo que o candidato do partido, o ex-presidente Donald Trump, esteja tentando atrair esse eleitor na disputa contra a democrata e atual vice-presidente, Kamala Harris.
Os republicanos lançaram uma campanha judicial agressiva e nacional, com processos movidos para, segundo eles, restaurar a confiança nas eleições, garantindo que ninguém vote de maneira ilegal. Especialistas e os democratas, no entanto, afirmam que as ações têm o objetivo de semear dúvidas sobre a legitimidade do processo eleitoral.
Em ações movidas em Michigan e na Carolina do Norte na terça-feira e em 2 de outubro, respectivamente, o Comitê Nacional Republicano argumentou que as leis eleitorais estaduais permitem erroneamente que cidadãos norte-americanos que residem no exterior e nunca viveram nos Estados — embora seus parentes, sim — possam votar ali.
“Cidadãos de Carolina do Norte e Michigan não devem ter seus votos cancelados por aqueles que nunca viveram no Estado”, afirmou o presidente do Comitê Nacional Republicano, Michael Whatley, em comunicado publicado na terça-feira.
Em outro processo federal impetrado em 30 de setembro, na cidade de Harrisburg, Pensilvânia, um grupo de parlamentares republicanos argumenta que o Estado está isentando erroneamente de verificações aqueles que não vivem no Estado.
Em moção para intervir no processo da Pensilvânia, o Comitê Nacional Democrata afirmou que o objetivo dos republicanos é “ignorar dezenas de milhares de votos feitos por militares registrados legalmente e eleitores que vivem no exterior”.
O gabinete do secretário de Estado da Pensilvânia, que é republicano, chamou o processo de “uma tentativa de confundir e amedrontar as pessoas antes de uma importante eleição”, lembrando que as pessoas podem ser acusadas de crimes caso mintam na hora de registro do voto.
Há uma audiência sobre o caso marcada para a próxima sexta-feira.
Patrick Gannon, porta-voz do comitê eleitoral da Carolina do Norte, afirmou que a lei está em vigor há mais de 13 anos, e que os cidadãos norte-americanos que estão sendo questionados pelos republicanos não teriam outra forma de votar. Ele disse que a votação antecipada já começou.
“A hora de questionar as regras para elegibilidade dos eleitores é muito antes da eleição, não depois que os votos começaram a ser enviados”, afirmou.
Cerca de 2,9 milhões de norte-americanos que vivem no exterior podiam votar em 2020, mas apenas 8% efetivamente registraram seus votos, de acordo com o Programa Federal de Assistência à Votação.
Trump tem tentado atrair o eleitor que vive no exterior, inclusive prometendo nesta semana diminuir os impostos para eles, encerrando o que chamou de “bitributação” -- alguns expatriados norte-americanos são obrigados a pagar impostos tanto ao governo dos EUA quanto a autoridades estrangeiras. A equipe de campanha de Trump não ofereceu mais detalhes sobre a medida proposta.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos publicada no dia 8 de outubro mostrou Kamala na frente por 46% a 43% dos votos nacionais, embora seja o Colégio Eleitoral por Estado que definirá o vencedor. Sete dos Estados devem ser decisivos.
(Reportagem de Luc Cohen em Nova York)