Por James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - O candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump, usou o terceiro aniversário da saída norte-americana do Afeganistão para tentar colocar a culpa do caótico processo na sua rival democrata Kamala Harris.
Trump participou de uma cerimônia de colocação de coroa de flores no Cemitério Nacional de Arlington em homenagem aos 13 militares mortos durante a saída dos EUA e, mais tarde, em Detroit, culpou Kamala, a vice-presidente e o presidente norte-americano, Joe Biden, pelo que ele chamou de uma retirada "catastrófica".
"Causada por Kamala Harris e Joe Biden, a humilhação no Afeganistão desencadeou o colapso da credibilidade e do respeito americanos em todo o mundo", disse Trump em um discurso para a Associação da Guarda Nacional dos Estados Unidos.
Essa foi a mais recente tentativa da campanha de Trump para gerar dúvidas sobre a capacidade de Kamala de ser presidente na eleição de 5 de novembro e surge logo após ela ter declarado, semana passada, que está pronta para liderar as Forças Armadas.
As tropas dos EUA deixaram o país e retiraram autoridades, cidadãos e afegãos em risco de retribuição do Talibã em agosto de 2021, enquanto uma multidão de desesperados afegãos tentavam invadir o aeroporto de Cabul e homens se seguravam no trem de pouso das aeronaves que se preparavam para decolar.
Um homem-bomba suicida do Estado Islâmico matou 13 militares dos EUA e mais de 150 afegãos do lado de fora do portão do aeroporto.
A campanha de Kamala disse que a culpa é do mandato de Trump como presidente.
"O governo Biden-Harris herdou uma bagunça de Donald Trump", disse Ammar Moussa, porta-voz de Kamala. "Trump quer que os Estados Unidos esqueçam que ele teve quatro anos para sair do Afeganistão, mas não conseguiu."
Uma análise divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA em 2023 encontrou falhas nos governos de Trump e Biden no período que antecedeu a retirada.
Nas semanas recentes, Trump e seu companheiro de chapa, o senador JD Vance, também buscaram atacar o candidato a vice-presidente democrata, Tim Walz. Ter prestado serviço militar é tradicionalmente um ponto forte nas campanhas políticas nos EUA.
Há semanas os republicanos acusam Walz de exagerar o seu ranking na Guarda Nacional do Exército, na qual ele serviu por 24 anos. Walz se descreveu como sargento-mor de comando aposentado, uma das mais altas patentes não comissionadas no Exército.
Ainda que ele tenha atingido a patente, ele não atendia os critérios para se aposentar com o título.
A campanha de Kamala deletou a referência a patente no seu website. A campanha também diz agora que Walz "se expressou mal" em 2018 durante sua campanha para governador em Minnesota quando se referiu a "armas de guerra, que eu carreguei na guerra". Walz nunca foi destacado para uma zona de guerra.
Trump, de 78 anos, nunca prestou serviço militar. Ainda que ele tivesse idade para ser convocado durante a guerra do Vietnã, ele recebeu quatro adiamentos por estudos e um afastamento de saúde.
Vance serviu entre os Fuzileiros Navais por quatro anos como correspondente de guerra e foi enviado para o Iraque por cerca de sete meses. O seu cargo envolvia escrever sobre as atividades militares para o público e interagir com a imprensa.
Kamala disse para a CNN, em 2021, que estava na sala com Biden quando ele decidiu retirar as forças dos EUA do Afeganistão e encerrar a mais longa guerra do país. Ela também disse que estava confortável com a decisão de Biden, mas não está claro qual o papel que ela desempenhou na discussão.