Por Jeff Mason e Christine Kim
WASHINGTON/SEUL (Reuters) - Pressionada por sanções, a Coreia do Norte parece "sincera" em sua aparente vontade de interromper testes nucleares se houver conversas de desnuclearização com os Estados Unidos, disse o presidente norte-americano, Donald Trump, nesta terça-feira, enquanto autoridades sul-coreanas e japonesas expressavam ceticismo sobre qualquer discussão.
Trump se recusou a dizer se tinha condições prévias para conversar com Pyongyang. Autoridades nos Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão e China responderam com cautela à possibilidade, depois de meses de insultos e ameaças de guerra entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
"Eu acho que eles estão sendo sinceros. E acho que eles são sinceros também por causa das sanções e do que estamos fazendo com respeito à Coreia do Norte, incluindo a grande ajuda que recebemos da China", disse Trump em entrevista coletiva após se encontrar com o primeiro-ministro da Suécia, Stefan Lofven.
O discurso de possíveis conversações foi feito por uma delegação sul-coreana no seu retorno de uma primeira reunião com o líder norte-coreano em Pyongyang na segunda-feira.
Uma autoridade de alto escalão do governo Trump disse: "Estamos abertos, estamos ansiosos para ouvir mais. Mas ... os norte-coreanos ganharam nosso ceticismo, por isso estamos um pouco cautelosos em nosso otimismo". O funcionário, falando sob condição de anonimato, afirmou que "nossa postura em relação ao regime não mudará até que vejamos movimentos confiáveis em direção à desnuclearização".
Exercícios militares de rotina dos EUA com aliados na região serão retomados, segundo a autoridade. Os próximos exercícios dos EUA e da Coreia do Sul devem ocorrer em abril.
Algumas autoridades norte-americanas e sul-coreanas disseram que um avanço no principal desafio de segurança nacional no governo Trump permanece improvável após o fracasso de conversas anteriores, acrescentando que a Coreia do Norte pode estar tentando ganhar tempo para desenvolver seus programas de armas e buscar alívio de sanções norte-americanas e da Organização das Nações Unidas (ONU).
Não houve comentários de Pyongyang.
DECLARAÇÕES "POSITIVAS"
Mais cedo, Trump elogiou afirmações “positivas” da Coreia do Sul de que a Coreia do Norte está disposta a suspender testes nucleares enquanto estiver realizando conversas de desnuclearização com autoridades dos EUA, mas se negou a dizer se possui quaisquer precondições para conversas com Pyongyang.
“Nós com certeza avançamos um longo caminho, ao menos retoricamente, com a Coreia do Norte”, disse Trump a repórteres no Salão Oval da Casa Branca. “As afirmações surgindo da Coreia do Sul e Coreia do Norte têm sido muito positivas”, acrescentou.
Perguntado se possui quaisquer precondições para conversas, Trump disse: “Eu não quero falar sobre isto. Nós vamos ver o que acontece.”
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, disse que os EUA irão continuar aplicando “pressão máxima” sobre a Coreia do Norte e que todas as opções estão “na mesa” até que Washington veja evidências de que o país recluso está tomando medidas em direção à desnuclearização.
As duas Coreias irão realizar no próximo mês a primeira cúpula conjunta desde 2007 no vilarejo fronteiriço de Panmunjom, disse Chung Eui-yong, chefe da delegação sul-coreana.
“A Coreia do Norte deixou clara sua disposição para desnuclearizar a península coreana e o fato de que não há razão para ter um programa nuclear caso ameaças militares contra a Coreia do Norte sejam resolvidas e seu regime esteja seguro”, declarou Chung durante entrevista coletiva.
O ministro japonês da Defesa, Itsunori Onodera, disse a repórteres na terça-feira que "é necessário avaliar se a cúpula Norte-Sul realmente levará ao abandono de desenvolvimento nuclear e de mísseis (do Norte)".