Por Sarah N. Lynch e Susan Heavey
WASHINGTON (Reuters) - O presidente Donald Trump voltou atrás após aparentemente reconhecer pela primeira vez neste domingo a vitória de Joe Biden na eleição do dia 3 de novembro, dizendo que não admitiu "nada" e repetindo suas alegações infundadas de fraude eleitoral generalizada.
Biden derrotou Trump ao vencer uma série de Estados cruciais que o republicano havia conquistado em 2016. O ex-vice-presidente democrata também conquistou o voto popular nacional por uma margem de mais de 5,5 milhões de votos, ou 3,6 pontos percentuais.
Trump fez suas declarações contraditórias em uma série de postagens no Twitter.
"Ele venceu porque a eleição foi fraudada", escreveu Trump na manhã deste domingo, sem se referir a Biden pelo nome. "NÃO FORAM PERMITIDOS OBSERVADORES, o voto foi tabulado por uma empresa privada da esquerda radical, Dominion, que tem má reputação e equipamento ruim e que não poderia nem mesmo se qualificar para apurar o Texas (onde ganhei por muito!), a Fake & Silenciosa Imprensa, & muito mais!"
Cerca de uma hora depois, Trump escreveu: "Ele só venceu aos olhos da MÍDIA FAKE NEWS. Não admito NADA! Temos um longo caminho a percorrer. Esta foi uma ELEIÇÃO FRAUDADA!"
Em entrevista ao programa "Meet the Press", da NBC, o escolhido por Biden para ocupar o cargo de chefe de gabinete da Casa Branca, Ron Klain, disse: "O Twitter de Donald Trump não torna Joe Biden presidente ou não-presidente. O povo americano fez isso."
A equipe eleitoral de Trump tem entrado com ações legais que buscam anular os resultados em vários Estados, embora sem sucesso, e especialistas jurídicos argumentam que a manobra legal tem poucas chances de alterar o resultado da eleição.
Autoridades eleitorais de ambos os partidos disseram que não há evidências de grandes irregularidades. Democratas e outros críticos acusaram Trump de tentar deslegitimar a vitória de Biden e minar a confiança do público no processo eleitoral norte-americano.
Antes da eleição, Trump se recusou a se comprometer com uma transferência pacífica de poder.
A recusa de Trump em ceder não muda o fato de Biden ser o presidente eleito, mas paralisou o costumeiro processo de transição para uma nova administração presidencial.
A decisão da administração Trump em não reconhecer Biden como o vencedor tem impedido que Biden e sua equipe obtenham acesso a escritórios governamentais e ao financiamento normalmente concedido a um novo governo para garantir uma transição tranquila.