Por Maher Chmaytelli e Ece Toksabay
ERBIL, Iraque/ANCARA (Reuters) - A Turquia ameaçou adotar restrições potencialmente devastadoras ao comércio de petróleo com os curdos do Iraque nesta quinta-feira pelo fato de estes terem apoiado a independência de Bagdá em um referendo que alarmou Ancara, que já lida com uma insurgência separatista de sua própria minoria curda.
Nove de dez curdos iraquianos endossaram a separação na votação de segunda-feira, que enfureceu a Turquia, o governo central de Bagdá e outras potências regionais e mundiais, temerosas de que o plebiscito ressuscite conflitos na região.
O gabinete do primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, informou que o premiê turco, Binali Yildirim, lhe disse em um telefonema que a Turquia romperá com a praxe e só lidará com Bagdá para tratar das exportações de petróleo do Iraque.
A maioria do petróleo que percorre um oleoduto do Iraque para a Turquia vem de fontes curdas, e uma interrupção prejudicaria seriamente o Governo Regional do Curdistão, que depende da venda de petróleo para obter quase toda sua renda em moeda estrangeira.
Até agora o oleoduto está funcionando normalmente, apesar das ameaças turcas de impor sanções econômicas à região curda autônoma do Iraque. As autoridades turcas, porém, aumentaram a pressão sobre os curdos nesta quinta-feira.
O premiê turco disse que seu país reagirá duramente a qualquer ameaça de segurança em sua fronteira depois do referendo, embora esta não seja sua primeira opção.
Falando na província turca de Corum, Yildirim disse que a Turquia, o Irã e o Iraque estão fazendo seu máximo para superar a crise causada pelo referendo com o mínimo de danos.