Por Huseyin Hayatsever e Tuvan Gumrukcu
ANCARA (Reuters) - O Parlamento da Turquia deve aprovar nesta terça-feira a adesão da Suécia à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), eliminando o maior obstáculo restante para a expansão da aliança.
A Assembleia-Geral da Turquia, onde a aliança governista do presidente Tayyip Erdogan detém a maioria, deve votar a solicitação da Suécia cerca de 20 meses depois que Estocolmo pediu para entrar na Otan, após a invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia.
Uma vez que o Parlamento tenha ratificado a medida, espera-se que Erdogan a sancione em lei dentro de alguns dias, deixando a Hungria como o único Estado-membro da Otan que não aprovou a adesão da Suécia.
A Hungria disse que acredita que a adesão à Otan "não é uma prioridade" para a Suécia com base nas ações do país. Budapeste havia se comprometido a não ser o último aliado a ratificar a adesão da Suécia, mas o Parlamento húngaro está em recesso até meados de fevereiro.
A Turquia e a Hungria mantêm melhores relações com a Rússia do que outros membros da Otan, aliança que é liderada pelos EUA.
Embora se oponha à invasão da Ucrânia pela Rússia, a Turquia criticou as sanções ocidentais contra Moscou. A Rússia alertou que responderia se a Otan reforçasse a infraestrutura militar nos países nórdicos.
A demora turca em garantir a aprovação da entrada sueca na aliança frustrou alguns dos aliados ocidentais de Ancara e permitiu que a Turquia conseguisse algumas concessões.
ATRASO NA RATIFICAÇÃO
Quando a Suécia e a Finlândia pediram para ingressar na Otan em 2022, a Turquia surpreendeu alguns membros da aliança ao levantar objeções sobre o que disse ser a proteção dos dois países a grupos que Ancara considera terroristas.
A Turquia endossou a adesão da Finlândia em abril do ano passado, mas, juntamente com a Hungria, manteve a Suécia esperando. Ancara pediu a Estocolmo que endurecesse sua posição em relação aos membros locais do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que a União Europeia e os Estados Unidos também consideram um grupo terrorista.
Em resposta, Estocolmo apresentou um novo projeto de lei antiterrorismo que torna ilegal ser membro de uma organização terrorista. A Suécia, a Finlândia, o Canadá e a Holanda também tomaram medidas para flexibilizar as políticas de exportação de armas da Turquia.
Erdogan, que enviou a proposta de adesão da Suécia ao Parlamento em outubro, vinculou a ratificação à aprovação dos EUA para a venda de caças F-16 à Turquia.
A Casa Branca apoia a venda, embora não haja um prazo claro para que o Congresso dos EUA a aprove e a Turquia enfrente alguma oposição do Congresso norte-americano por atrasar a ampliação da Otan e por seu histórico de direitos humanos.
(Reportagem adicional de Anita Komuves, em Budapeste)