ISTAMBUL (Reuters) - Até 40 mil refugiados estão assentados em campos do lado sírio da fronteira com a Turquia na onda mais recente de imigração, disse o vice-primeiro-ministro turco nesta sexta-feira, enquanto ataques de forças do governo sírio apoiadas pelos russos obrigam dezenas de milhares de pessoas a fugirem.
Uma iniciativa diplomática envolvendo a Rússia e a Síria é necessária para se evitar novas levas de imigrantes que também afetariam a Europa, afirmou Yalcin Akdogan a repórteres em Oncupinar, vilarejo próximo da divisa, durante comentários transmitidos ao vivo pela rede de televisão TRT.
"Na semana passada houve uma nova onda de imigração, especialmente por causa dos bombardeios russos, e entre 35 e 40 mil pessoas rumaram para a fronteira turca", declarou.
Mais cedo nesta sexta-feira, Estados Unidos, Rússia e mais de uma dezena de outras nações reunidas em Munique concordaram em cessar as hostilidades na Síria e proporcionar ajuda humanitária. O acordo almeja abrir caminho para uma futura transição política na vizinhança turca devastada pela guerra.
A Turquia, que já abriga 2,6 milhões de refugiados sírios, tem tentado manter a leva mais recente de imigrantes do lado sírio da fronteira, em parte para pressionar Moscou a encerrar seu apoio aéreo às forças sírias nos arredores da cidade de Aleppo.
Membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Turquia é um dos críticos mais veementes do presidente sírio, Bashar al-Assad, e apoiadora ardorosa dos grupos opositores. As relações de Ancara com Moscou andam muito tensas desde que a Força Aérea turca abateu um caça russo ao longo de sua divisa em novembro passado.
O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, acolheu o acordo de cessar-fogo sírio em mensagem no Twitter, dizendo ser um "passo importante" para a resolução da crise.
A menos que a Rússia interrompa seus ataques aéreos contra forças da oposição apoiadas pelo Ocidente, entretanto, a trégua acordada em Munique não se sustentará, e o acesso humanitário não será devidamente assegurado, declarou Cavusoglu ao canal TRT falando da cidade alemã.