Por Ece Toksabay
ANCARA (Reuters) - Autoridades da Turquia prenderam mais de mil pessoas nesta quarta-feira acusadas de terem se infiltrado secretamente em forças policiais por todo país em nome de um clérigo radicado nos Estados Unidos acusado pelo governo de orquestrar uma tentativa fracassada de golpe no ano passado.
A operação de âmbito nacional foi uma das maiores em meses contra supostos defensores do clérigo Fethullah Gulen, um ex-aliado do presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, que agora é acusado pelo governo de tentar derrubá-lo.
O ministro do Interior, Suleyman Soylu, disse que a medida teve como alvo uma rede de Gulen que "infiltrou nossa força policial, chamada de 'imãs secretos'".
"Mil e nove imãs secretos foram detidos até agora em 72 províncias e a operação ainda está em andamento", disse Soylu à repórteres em Ancara.
Após o golpe fracassado em julho, autoridades prenderam 40 mil pessoas e demitiram ou suspenderam 120 mil dentre uma grande gama de profissionais incluindo soldados, policiais, professores e servidores públicos, devido a supostas ligações com grupos terroristas.
As últimas detenções vieram 10 dias depois da população votar por planos para aumentar os poderes já amplos de Erdogan, em um referendo que os partidos de oposição e observatórios de eleições da Europa consideraram marcado por irregularidades.
O referendo dividiu a Turquia. Críticos de Erdogan temem o aumento do autoritarismo, com um líder que consideram estar decidido à destruir a democracia e fundamentos seculares da Turquia moderna.
Erdogan argumenta que fortalecer a Presidência vai evitar instabilidade associada com governos de coalizão, em um momento em que a Turquia enfrenta múltiplos desafios, incluindo ameaças de segurança por parte de militantes islâmicos e curdos.
"Na Turquia houve uma tentativa de golpe com o objetivo de derrubar o governo e destruir o Estado", disse Erdogan à Reuters em uma entrevista na noite de terça-feira.