Por Tom Balmforth
KIEV (Reuters) - As Forças Armadas da Ucrânia disseram nesta quinta-feira que a Rússia retirou algumas tropas de cidades na margem oposta do rio Dnipro à cidade de Kherson, o primeiro relato oficial ucraniano de uma retirada russa do que agora é a principal linha de frente no sul.
A declaração deu apenas detalhes limitados e não fez nenhuma menção de quaisquer forças ucranianas terem cruzado o Dnipro. As autoridades ucranianas também enfatizaram que a Rússia intensificou os bombardeios do outro lado do rio, desligando a energia novamente em Kherson, onde a eletricidade só começou a ser restaurada quase três semanas depois que as tropas russas deixaram a cidade e fugiram pelo rio.
Desde que a Rússia abandonou Kherson no mês passado, nove meses após a invasão da Ucrânia, o rio agora forma todo o trecho sul do front.
A Rússia já disse aos civis para deixarem as cidades dentro de 15 km do rio e retirou sua administração civil da cidade de Nova Kakhovka na margem. Autoridades ucranianas disseram anteriormente que a Rússia tinha retirado parte da artilharia perto do rio para posições mais seguras mais longe, mas até agora não havia dito que as forças russas estavam deixando cidades.
"Uma diminuição no número de soldados russos e equipamentos militares é observada no assentamento de Oleshky", disseram os militares, referindo-se à cidade oposta à cidade de Kherson, do outro lado de uma ponte destruída sobre o rio Dnipro.
Segundo eles, a maioria das tropas russas na área é reservista mobilizada recentemente, sugerindo que as tropas profissionais mais bem treinadas de Moscou já haviam partido.
A Reuters não pôde confirmar o relato de forma independente.
Sirenes de ataque aéreo soaram novamente em toda a Ucrânia nesta quinta-feira e os moradores foram para abrigos, mas não houve relatos imediatos de grandes ataques com mísseis e o alerta foi suspenso.
Desde o início de outubro, a Rússia tem lançado grandes ataques com mísseis e drones quase semanais em toda a Ucrânia para interromper seu fornecimento de energia, água e aquecimento, o que Kiev e o Ocidente dizem ter a intenção de prejudicar civis, um crime de guerra.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, defendeu esses ataques, dizendo nesta quinta-feira que Moscou tinha como alvo a infraestrutura civil da Ucrânia para impedir que Kiev importe armas ocidentais. Ele não explicou como tais ataques poderiam atingir esse objetivo.
"Desativamos as instalações de energia (na Ucrânia) que permitem a você (Ocidente) lançar armas letais na Ucrânia para matar russos", disse Lavrov.